sexta-feira, 30 de julho de 2010

Deus está morto!

Pois é, como já deve ter dado para perceber, comecei o Assim Falava Zaratustra, e começa já a parecer-me muito interessante! Como vou apenas nas primeiras páginas, não me vou alongar mais... Cada coisa a seu tempo.
Findo o Memorial do Convento, posso dizer que gostei bastante. Não foi obra que me fascinasse, isso não, gostei mais de outras de Saramago, mas é interessante e recomendável. Gostei especialmente das personagens (mais até que da história central), que me pareceram dotadas de uma grande originalidade.
O que não pode nunca ser ignorado e também nunca desilude é a escrita, neste aspecto adorei, como sempre!

Por agora, é tudo... Está-me a apetecer um bocadinho de Álvaro de Campos, e a vocês?



Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos


Um bom dia (6ª feira é sempre um bom dia!) e boas leituras!

R.I.P. António Feio



António Jorge Peres Feio  (6/12/1954-29/7/2010)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Encontrado o sucessor...

Alguém terá por aí o número dos "Compradores de Livros Anónimos"?
Não me consigo controlar... Estou perto do fim do Memorial do Convento, como tinha dito, e desta vez estava mesmo convencida que se seguiria um dos muitos livros que tenho em casa ainda por ler, mas.... Nãããããoooo........... Vi o Assim Falava Zaratustra de Friedrich Nietzsche, hoje de manhã, da colecção do Público, baratinho e pronto... Já cá mora! Será o próximo...



Um pequeno aparte, uma vez que este nosso pequeno cantinho da Europa nunca deixa de me surpreender... Um passo para a frente é sempre seguido por dois para trás... Por favor leiam a notícia da TSF e digam-me qual a resposta certa em respeito ao comentário que a Ministra da Saúde fez quando interrogada acerca da manutenção da questão acerca da orientação sexual do dador no questionário de triagem:

a) eu estou demente e não consigo perceber a ligação entre a questão levantada e o que ela disse;
b) perguntaram-lhe qualquer coisa completamente diferente daquilo que a notícia sugere;
c) a ministra está com um grave problema auditivo;
d) a ministra está senil.

Fica a questão no ar... E tenho uma teoria: a ministra está senil e pensa que o povo português é constituido por crianças de cinco anos que acreditam no Pai Natal e na Fada dos Dentes.

Deixo-vos com dois grandes senhores: Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, que assim escreveram em 1877, n'As Farpas - Parábola dos Almocreves, cuja leitura integral aconselho, seguindo o link:


"Em Portugal o que succede?

A vida intellectual é extremamente debil. A sciencia não tem cultores desinteressados e ardentes, a acção da arte sobre a aspiração dos espiritos é nulla.

O resultado é que os partidos de opposição, não encontrando nos phenomenos da vida nacional a profunda expressão implacavel de novas necessidades a que os governos tenham de amoldar-se, acham-se naturalmente desarmados das grandes rasões que reptam os governos a progredir ou a abdicar.

Em taes condições o partido revolucionario dentro da milicia politica, partido fabricado pelos proprios governos com a corrupção do suffragio,- sendo uma pura convenção, uma fixão constitucional, uma expressão rhetorica, sem raizes na consciencia e na vontade popular,-acabou por desapparecer inteiramente do nosso systema representativo. Ha muitos annos que a revolução não tem quem a represente no parlamento portuguez.

Ha, todavia, uma maioria parlamentar e uma opposição composta de varios grupos dissidentes. Estes grupos são fragmentos dispersos do unico partido existente - o partido conservador - fragmentos cuja gravitação constitue o organismo do poder legislativo.

Estes partidos, todos conservadores, não tendo principios proprios nem idéas fundamentaes que os distingam uns dos outros, sendo absolutamente indifferente para a ordem e para o progresso que governe um d'elles ou que governe qualquer dos outros, conchavaram-se todos e resolveram de commum accordo revesarem-se no podler e governarem alternadamente segundo o lado para que as despesas da rhetorica nos debates ou a força da corrupção na urna fizesse pesar a balança da regia escolha. Tal é o espectaculo recreativo que ha vinte annos nos esta dando a representação nacional."

Hoje apetece-me também deixar banda sonora... Por isso aqui fica algo que me perseguiu durante o dia e só agora consegui ouvir:



Boas noites e boas leituras!

domingo, 25 de julho de 2010

O essencial é invisível para os olhos...

É verdade... Sou um daqueles animais raros que aos 28 (quase 29) anos, nunca tinha lido O Principezinho. Agora, finalmente, graças a uma grande amiga, saí do grupo daqueles que ainda não aprenderam (ou já esqueceram) algumas das lições mais importantes da vida.
Não me vou pôr a tecer comentários acerca da escrita, da história, das personagens... Seria uma perda de tempo. Aquilo que é realmente importante retirar desta leitura são os momentos em que, durante a mesma, nos vimos reflectidos nos adultos aborrecidos que vão aparecendo e como gostaríamos de recordar o tempo em que nos veríamos reflectidos no Principezinho. É igualmente importante lembrar que o conhecimento recente não deve ser sobreposto ao antigo, mas sim adicionado... Falando por mim, fiz esta substituição a tal ponto que todas as lições ensinadas nesta obra me pareceram novas... Mas sei que nalgum momento foi assim que encarei a vida, foi assim que encarei o mundo...
CV, muito obrigada por me fazeres recordar! Nem todos os dias se conhece alguém que ache importante preencher os espaços em branco dos outros, desde o primeiro encontro... "Props sis!"


Será, provavelmente, das obras mais citadas de sempre, mas não poderia deixar de o fazer como tanto outros antes de mim... Fica então um excerto do encontro do Principezinho com a Raposa.

"C'est alors qu'apparut le renard.
-Bonjour, dit le renard. ..
-Bonjour, répondit poliment le petit prince, qui se retourna mais ne vit rien.
-Je suis là, dit la voix, sous le pommier.
-Qui es-tu ? dit le petit prince. Tu es bien joli..
-Je suis un renard, dit le renard.
Viens jouer avec moi, lui proposa le petit prince. Je suis tellement triste...
-Je ne puis pas jouer avec toi, dit le renard. Je ne suis pas apprivoisé
-Ah ! pardon, Et Je petit prince.
Mais, après réflexion, il ajouta:
-Qu'est ce que signifie « apprivoiser » ?
-Tu fi es pas d'ici, dit le renard, que cherches-tu!
-Je cherche les hommes, dit le petit prince. Qu'est-ce que signifie « apprivoiser » ?
-Les hommes, dit le renard, ils ont des fusils et ils chassent. C'est bien gênant! Ils élèvent aussi des poules. C'est leur seul intérêt. Tu cherches des poules ?
-Non, dit le petit prince. Je cherche des amis. Qu'est-ce que signifie « apprivoiser »?
-C'est une chose trop oubliée, dit le renard. Ça signifie « créer des liens... »
-Créer des liens ?
-Bien sûr, dit le renard. Tu n'es encore pour moi qu'un petit garçon tout semblable à cent mille petits garçons.
Et je n' ai pas besoin de toi. Et tu n'a pas besoin de moi non plus. Je ne suis pour toi qu'un renard semblable à cent mille renards. Mais, si tu m'apprivoises, nous aurons besoin l'un de l'autre. Tu seras pour moi unique au monde. Je serai pour toi unique au monde...
-Je commence à comprendre, dit le petit prince. Il y a une fleur... je crois qu'elle m'a apprivoisé...
-C'est possible, dit le renard. On voit sur la Terre toutes sortes de choses.
-Oh! ce n'est pas sur la Terre, dit le petit prince. Le renard parut très intrigué:
-Sur une autre planète ?
-Oui.
-Il y a des chasseurs, sur cette planète-là ?
-Non.
-Ça, c'est intéressant! Et des poules ?
-Non.
-Rien n'est parfait, soupira le renard.
Mais le renard revint à son idée:
-Ma vie est monotone. Je chasse les poules, les hommes me chassent. Toutes les poules se ressemblent, et tous les hommes se ressemblent. Je m'ennuie donc un peu. Mais, si tu m'apprivoises, ma vie sera comme ensoleillée. Je connaîtrai un bruit de pas qui sera différent de tous les autres. Les autres pas me font rentrer sous terre. Le tien m'appellera hors du terrier, comme une musique. Et puis regarde! Tu vois, là-bas, les champs de blé ? Je ne mange pas de pain. Le blé pour moi est inutile. Les champs de blé ne me rappellent rien. Et ça, c'est triste! Mais tu as des cheveux couleur d'or. Alors ce sera merveilleux quand tu m'auras apprivoisé! Le blé, qui est doré, me fera souvenir de toi. Et j'aimerai le bruit du vent dans le blé..."

Le Petit Prince, capítulo XXI 

Como combinado, vou revelar também o que ando a ler agora... Algo que também me andava a faltar, uma vez que tanta gente leu no secundário e eu nunca tinha lido: Memorial do Convento de José Saramago.

Não comecei a ler esta obra a propósito da morte do autor, já estava programada. Gostaria ainda assim de fazer referência ao quanto lamento esta enorme perda para Literatura. Recuso-me a entrar nas discussões mesquinhas acerca da vida do "Saramago homem", pois não é esse que conheço nem do qual vou sentir falta e quanto ao "Saramago autor", não creio haver o que discutir. Goste-se ou não do estilo, goste-se ou não dos temas, é uma gigantesca perda.

Fico-me por aqui por hoje:)

Boas noites e boas leituras!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O Mandarim

Que tal? Parece que sacaram os episódios da net e os estão a ver todos seguidos! FEIOS!!! Pirataria é crime! Isto é que é uma gente....

Adiante. Terminada a Guerra e Paz, seguiu-se O Mandarim, de Eça de Queiroz, recomendado pelo meu irmão a propósito do filme The Box.



Matando dois coelhos... Hmmm... Deixemos os coelhos em paz... Aproveitando para comentar ambos, começo pelo filme, que vi primeiro.

Não é um filme extraordinário, chegando mesmo a ser um pouco previsível deixando, simultâneamente, algumas pontas soltas, mas é uma história engraçada e um bom thriller para quem se assusta com facilidade. Vê-se bem, mas não há muito a acrescentar...

Passando agora a'O Mandarim: achei bastante interessante, excelente para uma "espécie de pausa" necessária após a leitura da Guerra e Paz, sendo uma novela bastante curta e de leitura fácil (sem necessidade de muita revisão para perceber o enredo). Naturalmente, não faltam as críticas sociais, as lições de moral ironizadas e as personagens caricaturalmente revoltadas do Eça, mas sendo uma obra tão curta fica a faltar aquela descrição detalhada que se vai construindo, normalmente, à medida que se avança nas obras deste grande autor, e que nos fazem esperar encontrar, subitamente, alguma das personagens no nosso grupo de amigos quando vamos sair, ou passar por algum dos cenários a caminho do trabalho...
Em conclusão, a familiarização que nos fica a faltar com a obra em relação a outras do mesmo autor, "deve-se ao" e, de certa forma, "é compensada pelo" facto de se tratar de uma obra muito curta, mas que, ainda assim, nos deixa plenamente satisfeitos com a história... Se nos fica a sensação de que falta algo, é apenas porque o Eça nos habituou mal!

Fica então um excerto para abrir o apetite...

"(…) Aos domingos repousava: instalava-me então no canapé da sala de jantar, de cachimbo nos dentes, e admirava a D. Augusta, que, em dias de missa, costumava limpar com clara de ovo a caspa do tenente Couceiro. Esta hora, sobretudo no Verão, era deliciosa: pelas janelas meio cerradas penetrava o bafa da soalheira, algum repique distante dos sinos da Conceição Nova e o arrulhar das rolas na varanda; a monótona sussurração das moscas balançava-se sobre a velha cambraia, antigo véu nupcial da Madame Marques, que cobria agora no aparador os pratos de cerejas bicais; pouco a pouco o tenente, envolvido, num lençol como um ídolo no seu manto, ia adormecendo, sob a fricção mole das carinhosas mãos da D. Augusta; e ela, arrebitando o dedo mínimo branquinho e papudo, sulcava-lhe as repas lustrosas com o pentezinho dos bichos…(…)"
O Mandarim (1880)
No próximo "episódio" teremos O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry e a revelação fantástica do que estou a ler agora!!! Não estão ansiosos??? Não? Não me interessa... Vou dizer na mesma! Muahahah

Boas leituras!

Guerra e Paz

Ora cá estou eu... De volta e, como devem calcular pelo tempo que passou, com muito para pôr em dia... No último post, estava a terminar o primeiro volume de Guerra e Paz, ao qual se seguiram os restantes 3 volumes e mesmo um pequeno excerto do filme, que não achei particularmente interessante, mas só poderei realmente opinar quando vir completo.


Em relação ao livro, esse sim, lido e absorvido palavra a palavra, achei merecedor de cada vez que já foi e continuará a ser apelidado de genial. Um verdadeiro clássico.
Desde a intriga dos tempos de Paz às descrições dos tempos de Guerra, desde o enredo às divagações do autor, desde as análises históricas às comparações científicas, tudo demonstra o quanto se está a ler a obra prima de um génio! Não apenas pelo seu talento literário, mas também pelo seu grau de conhecimento em diferentes áreas de estudo, Tolstói demonstra ser um dos escritores mais dignos de ser recordado enquanto a literatura tiver um lugar na vida da humanidade.
Podemos encontrar, especialmente no final do último volume da obra, longas considerações do autor acerca da conjugação de factores perfeitamente aleatórios que dão origem a um grande acontecimento, bem como das diferentes interpretações que esses mesmos factores ou determinada parte deles, terão consoante quem os analisa e quando são analisados. Quando digo "longas", poderão achar que isto será sinónimo de "aborrecidas", o que não é, de todo, verdade se tiverem prazer em ler uma argumentação extremamente bem exposta e fundamentada. Pessoalmente, achei fascinante e enriquecedor!

Uma pequena nota "negativa", que não posso mesmo deixar de fazer, é a forma como são retratadas as personagens femininas... Achei demasiado evidente que estava SEMPRE presente, em qualquer personagem feminina, uma certa nota de futilidade e falta de inteligência, por mais interessante e bem construída que a personagem fosse. É pena. Como foi a primeira obra que li deste autor, não posso desde já assumir que é uma característica do mesmo. Veremos... Anna Karenina está na "lista de espera".

Gostaria de deixar um excerto (desta feita, traduzido, pois tanto eu como a maioria de vós não entende russo o que tornaria difícil, para mim, a selecção e, para vós, a apreciação), mas não tenho comigo, de momento, o que gostaria de deixar. Fica prometido: mais logo cá estará!

Por agora cito apenas o autor:

"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia."
"Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas."
 "Enquanto houver matadouros, haverá campos de guerra."
"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
- Lev Tolstói

ADICIONADO:

"Quando uma maçã amadurece e cai da árvore, por que razão é que ela cai? Porque gravita para a terra, porque lhe seca o pedículo, ou porque o sol seca o fruto, ou porque este se torna pesado, ou porque o vento o sacode, ou porque o rapaz debaixo da árvore quer comê-lo?
Nada disso é a causa. Tudo isso é apenas a coincidência das condições em que se produz qualquer acontecimento vital, orgânico e espontâneo. E o botânico que achar que a maçã cai porque o tecido celular se decompõe, e assim por diante, terá tanta razão e não terá razão alguma como o rapaz que, debaixo da árvore, disser que a maçã caíu porque lhe apetecia comê-la e porque rezou para que ela caísse. Da mesma forma, terá e não terá razão aquele que disser que Napoleão avançou para Moscovo porque assim o quis e que fracassou porque Alexandre quis que ele fracassasse; também assim, tem e não tem razão aquele que disser que um monte de um milhão de arrobas socavado caiu porque o último operário lhe deu o último golpe de picareta. Nos acontecimentos históricos, os assim chamados grandes homens são etiquetas que dão o nome ao acontecimento e que, como etiqueta que são, têm um mínimo de ligação com o acontecimento em si.
Qualquer acção deles, por mais voluntária que lhes pareça, no sentido histórico é involuntária e encontra-se em ligação com todo o devir da história, estando determinada desde sempre."

in Guerra e Paz, Livro III, Primeira Parte, Capítulo I

Com tanto para por em dia, não me parece bem ficar tudo junto no mesmo post.... Pelo que ficam as cenas do próximo episódio: O Mandarim, de Eça de Queirós.