quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dr. Atkins New Diet Revolution

(Favor imaginar aqui a imagem que o blogger não está a deixar colocar da capa do livro)


Este "tenho lido", na onda do andar constantemente "à procura de um milagre" mas devo dizer que gosto bastante do livro. A forma como está escrito, dá-nos a sensação de estarmos no consultório do Dr. Atkins, que por acaso é bem simpático, sendo esclarecidos por ele à medida que nos vão surgindo as dúvidas.
Além disto, é uma aproximação às dietas de perda de peso menos comum nos dias que correm, apesar de não ter nada de recente, e fala de forma científica mas compreensível de alguns processos que se passam no nosso corpo que não entendemos e sobre os quais nunca nos questionámos. Gosto particularmente do ponto de vista do senhor em relação aos hidratos de carbono serem quase como uma "droga" e provocarem, efectivamente, vício. Como sempre me senti um pouco "viciada" no que diz respeito a comida, encaixei-me completamente no perfil apresentado da pessoa com excesso de peso abordada pelo Dr. Atkins.
É um livro prático pelo que não faz sentido discuti-lo de um ponto de vista literário, no entanto não deixo de recomendar!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Tese e Antítese

I

Já não sei o que vale a nova idéia,

Quando a vejo nas ruas desgrenhada,
Torva no aspecto, à luz da barricada,
Como bacchante após lúbrica ceia...

Sanguinolento o olhar se lhe incendeia;

Respira fumo e fogo embriagada:
A deusa de alma vasta e sossegada
Ei-la presa das fúrias de Medeia!

Um século irritado e truculento

Chama à epilepsia pensamento,
Verbo ao estampido de pelouro e obuz...

Mas a idea é n'um mundo inalterável,

N'um cristalino céu, que vive estável...
Tu, pensamento, não és fogo, és luz!

II


N'um céu intemerato e cristalino

Pode habitar talvez um Deus distante,
Vendo passar em sonho cambiante
O Ser, como espectáculo divino.

Mas o homem, na terra onde o destino

O lançou, vive e agita-se incessante:
Enche o ar da terra o seu pulmão possante...
Cá da terra blasfema ou ergue um hino...

A idéia encarna em peitos que palpitam:

O seu pulsar são chamas que crepitam,
Paixões ardentes como vivos sóis!

Combatei pois na terra árida e bruta,

Té que a revolva o remoinhar da luta,
Té que a fecunde o sangue dos heróis!


Antero de Quental, in "Sonetos"
 
Só para vos deixar uma coisa bonita! Gosto mesmo muito!
Bons filmes e boas leituras!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

The Great Gatsby

Acabei de terminar The Great Gatsby de F. Scott Fitzgerald e A-D-O-R-E-I!
Uma história realmente envolvente, com personagens que têm a particularidade de agarrar realmente o leitor que tenta entende-las e avaliar o que está por detrás das descrições físicas.
A história está repleta de constantes "contratempos" e pequenas revelações que transmitem uma constante sensação de surpresa. Em relação ao Gatsby, o mistério que se vai construindo e que nunca chega a estar completamente desvendado, deixa-nos divagar sobre o seu passado e os seus sentimentos.
No fundo, trata-se de nos mostrar como é possível fazer tudo na vida sem nunca largar o passado que se amou nem ser perseguido por aquele em que se errou ou que, pelo menos, não se quer revelar, e a indagação acerca de até que ponto é compensador viver preso a um momento passado, na esperança de que, ao regressar, o momento ainda seja o mesmo, quando sabemos que nunca é.
Culmina num fim trágico resultante de uma combinação de coincidências e mal entendidos que me fizeram lembrar muito Eça ou Dostoievsky
Recomendo vivamente aos poucos que possam ainda não ter lido! Sucessor? Estou indecisa.... Em breve anunciarei!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pedes a Deus Quanto a ti te Quitas

QUE COM OS SEUS EXCESSOS ACELERAM A DOENÇA E A VELHICE
 

Que os anos sobre ti voem bem leves,
pedes a Deus; e que o rosto as pegadas
deles não sinta, e às grenhas bem penteadas
não transmita a velhice suas neves. 


Isto lhe pedes, e bêbedo bebes
as vindimas em taças coroadas;
e pra teu ventre todas as manadas
que Apúlia pastam são bocados breves. . 


Pedes a Deus quanto a ti te quitas;
a enfermidade e a velhice tragas
e estar isento delas solicitas. 


Mas em rugosa pele dívidas pagas
das grandes bebedeiras que vomitas,
e na saúde que, comilão, estragas.


Francisco Quevedo, in 'Antologia Poética'
Tradução de José Bento

 Só porque hoje estou a dar numa de moralista.... Não, não estou nada! Sabeis que sou uma rapariga de excessos, mas achei piada ao poema todo beato e certinho e cheio de moral! Teve o seu je ne sais quoi de familiar..... Enfim...

Bons filmes e boas leituras!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Ateu é Deus

Deus não existe (...) A salvação de todos consiste agora em provar essa ideia a toda a gente, percebes? Quem é que há-de prová-la? Eu! Não entendo como é que até agora um ateu podia saber que Deus não existe e não se suicidava logo. Reconhecer que Deus não existe e não reconhecer ao mesmo tempo que o próprio se tornou deus é um absurdo, pois de outra maneira suicidar-se-ia inevitavelmente. Se tu o reconheces, és um rei e não te matarás, mas viverás na maior glória. Mas só o primeiro a perceber isso é que deve inevitavelmente matar-se, senão o que é que principiaria e provaria?
Sou eu que me vou suicidar para iniciar e para provar. Ainda só sou deus sem querer e sofro porque tenho o DEVER de proclamar a minha própria vontade. Todos são infelizes porque todos têm medo de afirmar a sua vontade. Se o homem até hoje tem sido tão infeliz e tão pobre, é precisamente porque tem tido medo de afirmar o ponto capital da sua vontade, recorrendo a ela às escondidas como um jovem estudante.
Eu sou profundamente infeliz porque tenho medo profundamente. O medo é a maldição do homem... Mas hei-de proclamar a minha vontade, tenho o dever de crer que não creio. E serei salvo. Só isto salvará todos os homens e há-de transformá-los fisicamente, na geração seguinte; porque, no seu estado físico actual (reflecti nisso muito tempo), o homem não pode, de modo algum, passar sem o seu velho Deus.
Durante três anos procurei o atributo da minha divindade e achei-o: o atributo da minha divindade é a minha vontade, é o livre arbítrio. É com isso que posso manifestar sobre o ponto capital a minha insubmissão e a minha terrível liberdade nova. Porque é terrível! Mato-me para afirmar a minha insubmissão e a minha terrível liberdade nova.


Fiodor Dostoievski, in 'Os Possessos' (discurso do personagem Kirilov)

Hoje apeteceu-me assim uma coisa diferente..... Preciso de ler Dostoievski de novo.... Estou com saudades!

Bons filmes e boas leituras!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O sono

O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim —
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.

Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:

E o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.

O sono que desce sobre mim

É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.

Há um som de abrir uma janela,

Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar de defronte
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?,
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.

Meu Deus, tanto sono!...


Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

E basicamente é isto, mas com menos metáforas.... *bocejo* 

terça-feira, 14 de junho de 2011

Parabéns atrasados

Chegam atrasados porque o dia ontem foi de morte cerebral total, de qualquer maneira não queria deixar passar em branco o aniversário de um dos poetas mais presentes neste blog: o grande, enorme, genial Fernando Pessoa!
Nasceu fez ontem 123 anos e, para a literatura, é imortal!



O poeta é um fingidor

Autopsicografia 

 
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm. 


E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

 
De Fernando Pessoa


Bons filmes e boas leituras!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cheira bem, cheira a Lisboa!



Lisboa já tem Sol mas cheira a Lua
Quando nasce a madrugada sorrateira
E o primeiro eléctrico da rua
Faz coro com as chinelas da Ribeira

Se chove cheira a terra prometida

Procissões têm o cheiro a rosmaninho
Nas tascas da viela mais escondida
Cheira a iscas com elas e a vinho

(Refrão)

Um craveiro numa água furtada
Cheira bem, cheira a Lisboa
Uma rosa a florir na tapada
Cheira bem, cheira a Lisboa
A fragata que se ergue na proa
A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar

Cheira bem, cheira a Lisboa (2x)


A fragata que se ergue na proa

A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar

Lisboa cheira aos cafés do Rossio

E o fado cheira sempre a solidão
Cheira a castanha assada se está frio
Cheira a fruta madura quando é Verão

Teus lábios têm o cheiro de um sorriso

Manjerico tem o cheiro de cantigas
E os rapazes perdem o juízo
Quando lhes dá o cheiro a raparigas

(Refrão)


Cheira bem, cheira a Lisboa (2x)


A fragata que se ergue na proa

A varina que teima em passar
Cheiram bem porque são de Lisboa
Lisboa tem cheiro de flores e de mar

César de Oliveira

 E mais não digo que é desnecessário e excessivo! =D

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Escrita e Interpretação

Sócrates: Você sabe, Fedro, esta é a singularidade do escrever, que o torna verdadeiramente análogo ao pintar. As obras de um pintor mostram-se a nós como se estivessem vivas; mas, se as questionamos, elas mantêm o mais altivo silêncio. O mesmo se dá com as palavras escritas: parecem falar connosco como se fossem inteligentes, mas, se lhes perguntamos qualquer coisa com respeito ao que dizem, por desejarmos ser instruídos, elas continuam para sempre a nos dizer exactamente a mesma coisa. E, uma vez que algo foi escrito, a composição, seja qual for, espalha-se por toda a parte, caindo em mãos não só dos que a compreendem mas também dos que não têm relação alguma com ela; não sabe como se dirigir às pessoas certas e não se dirigir às erradas. E, quando é maltratada ou injustamente ultrajada, precisa sempre que o seu pai lhe venha em socorro, sendo incapaz de se defender ou de cuidar de si própria.
Platão, in 'Fedro'

Hoje, não sei porquê, pareceu-me importante partilhar isto.
Alguém já reparou que às vezes é complicado discutir um assunto?
O debate é frequentemente mal interpretado e mal visto e quem gosta de debater um assunto, pelo simples prazer da argumentação, é frequentemente visto como sendo "do contra" porque parece, lá está, nunca concordar.
Imagine-se uma conversa entre dois interlocutores, em que o A defende um ponto de vista e o B apenas deseja debater.
Por vezes, não se trata apenas de ouvir e concordar ou discordar, há quem (como eu e o interlocutor B) tire prazer da análise de um assunto até à exaustão mesmo sem que haja uma opinião formada à partida, mesmo que não esteja a ser tomado um partido. Nestes casos, cada argumento do interlocutor A é posto em causa e chega-se a um certo ponto em que parece ser o único objectivo do interlocutor B desacreditar o que o outro diz. É isto? Não. É a procura por mais argumentação. Quando a argumentação falha, frequentemente o interlocutor A sente que está a ser atacado pois deixa de ter como debater o assunto por ter esgotado o seu ponto de vista sem ainda ter convencido o interlocutor B. O grande problema, é que esta situação acabará por acontecer a um dado instante, mais tarde ou mais cedo, e por mais sólida e completa que seja a argumentação do interlocutor A, porque o interlocutor B não procura um objectivo, não quer uma conclusão e não poderá ser convencido de que existe uma teoria final correcta. Não se trata, nem sequer remotamente, de um ataque ou de uma tentativa de subjugação, mas sim de um prazer que não é retirado das "faltas" do outro mas das vitórias próprias obtidas por conseguir encontrar sempre uma contra argumentação que promova a continuação do debate.
Falando por mim, não tiro grande prazer de discussões nas quais tenho uma posição definida... Limito-me frequentemente a despejar argumentos ou a, simplesmente, concordar em discordar. Agora, discussões em que quero conhecer melhor o assunto, ou a(s) pessoa(s) com quem discuto, não estando à partida de acordo nem contra nada, procurando apenas "jogar às palavras", evitar os tiros e responder na mesma moeda, em suma, discutir, dão-me um enorme prazer!
Acreditem, eu NÃO sou do contra... Apenas apaixonada pela palavra falada, tanto ou mais que pela escrita!



Bons filmes e boas leituras!

terça-feira, 7 de junho de 2011

Saramagando...

Porque eu sou uma pessoa que gosta do seu equilíbrio, ao ver o país a "endireitar" (deixo ao vosso critério a interpretação directa ou figurada) resolvi explorar (mais) um bocadinho um senhor de esquerda... Pois não é que eu não sabia que o nosso Nobel, José Saramago, também escrevia poesia?
Devia ter calculado e, diga-se de passagem, poucos andam para aí que, escrevendo, não dêem as suas voltinhas pela poesia, não é? Mas pronto, simplesmente nunca me tinha ocorrido nem nunca tinha "esbarrado" em nada, por isso fiquei, até certo ponto, surpreendida...
Assim sendo, e para quem, como eu, ainda não tenha "esbarrado", fica uma pequena amostra para aguçar a curiosidade!

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda

A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,

Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.


José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

Bons filmes e boas leituras!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mudança...

E pronto. Foi a escolha dos portugueses! Faça-se a nossa vontade!
Se vai ser melhor? Não sei, ninguém sabe. Resta-nos esperar, ouvir atentamente, usar a nossa tantas vezes curta memória, analisar com frieza e sem polarização e avaliar os resultados. Felizmente, esteve agora nas nossas mãos e assim continuará.
Lamento profundamente a abstenção elevada, ainda que os cadernos eleitorais não estejam actualizados, não deixou de o ser, não deixou também de haver a prova irrefutável das reportagens feitas nas praias onde muitos afirmavam não ir votar... É pena. É pena que tão recentemente tenha alguém lutado por este direito para nós hoje o desprezarmos, para não usufruirmos dele, para irmos na nossa passividade gozar o Sol e deixar que outros decidam por nós. É incompreensível e é feio.
Desmotivados com a política, quase todos estamos, não tendo tido ultimamente grandes razões para o contrário, mas se ficamos apenas a ver o barco passar, a dispensar um direito que temos de lhe mudar o rumo, quem somos para depois protestar? Quem somos para nos manifestarmos e fazermos greves? Somos o povo que gosta de se divertir, relaxar e ver o que dá... Enfim, para a próxima será melhor!
Para já, estou moderadamente optimista (não, não me esqueci da Troika nem das pesadas medidas de contenção que estão prestes a entrar em vigor) que vamos começar a seguir por um novo rumo e que alguma coisa pode começar a melhorar... Ver-se-á.

Despeço-me com um clássico:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o Mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.

Luís de Camões

Bons filmes e boas leituras!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ser Doido-Alegre, que Maior Ventura!

Ser doido-alegre, que maior ventura!
Morrer vivendo p'ra além da verdade.
É tão feliz quem goza tal loucura
Que nem na morte crê, que felicidade!

Encara, rindo, a vida que o tortura,

Sem ver na esmola, a falsa caridade,
Que bem no fundo é só vaidade pura,
Se acaso houver pureza na vaidade.

Já que não tenho, tal como preciso,

A felicidade que esse doido tem
De ver no purgatório um paraíso...

Direi, ao contemplar o seu sorriso,

Ai quem me dera ser doido também
P'ra suportar melhor quem tem juízo.


António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."

Eu sou doida-alegre à sexta feira... Nos outros dias compreendo o que ele diz! E pronto, era só para não dizer que não vos deixava qualquer coisa para reflectir no fim de semana!

Bons filmes e boas leituras!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Com a Fortuna não Perde o Ser de Besta

Na carreira veloz, a deusa cega
Lança às vezes a mão a um feio mono
E o sobe, num instante, a um coche, a um trono,
Onde a Virtude com trabalho chega.

Porém se, louca, num jumento pega,

Por mais que o erga não lhe dá abono:
Bem se vê que foi sonho de seu sono,
Quando a vara ou bastão ela lhe entrega.

Pouco importa adornar asno casmurro

Com jaezes reais, mantas de festa,
Se a conhecer se dá no rouco zurro.

Quem, no berço, por vil se manifesta,

Quem nele baixo foi, quem nace burro,
Co'a Fortuna não perde o ser de besta.


Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

Ora toma lá que já almoçaste! E é logo de manhã para abrir a pestana! G-E-N-I-A-L!!!

Bons filmes e boas leituras!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Livro de Duarte Barbosa

E pronto, está feita a viagem!
Foi uma experiência única e adorei viajar desde a costa oriental de África até à China do século XVI, vendo tudo pelos olhos de quem o vê quase desconhecido.
Desde os hábitos comerciais, aos estratos sociais, passando pelos costumes e pelas religiões, muito se encontra de fascinante por nunca se ter ouvido falar e muito se consegue rever nos dias de hoje.
O relato não é, obviamente, imparcial, sendo de certa forma invadido pelo espírito da conquista e da guerra santa, no entanto, na grande maioria, trata-se de uma narrativa bastante impessoal, pelo que se baseia mais em enumerações e descrições do que propriamente crítica ou avaliação dos costumes e, assim, apesar das esporádicas "críticas", consegue ter-se uma boa visão geral de todas as civilizações com que se vai tomando contacto.
Para quem nunca teve a experiência (que penso que será a maioria das pessoas que não estejam ligadas à área de história), recomendo vivamente! É extraordinário!

Vi também o filme Paths of Glory que ainda estava a faltar dos planeados para a maratona Kubrick e, já não é surpresa, gostei muito. Muito bem construído no que diz respeito a textos e personagens, não sei faz justiça ao romance em que é baseado, porque nunca li, mas acredito que sim. Muito intenso, mesmo. Recomendo também.


O próximo livro está já prontinho para lhe pegar e vai ser The Great Gatsby que já está à minha espera há uns bons dias! Vamos lá ver o que me espera!

Bons filmes e boas leituras!