segunda-feira, 12 de março de 2012

Ghost Rider: Spirit of Vengeance (3D)

Ontem fui ver... Fraquinho, fraquinho... Pior que o primeiro... Neste preocuparam-se em distrair-nos com um 3D que até está engraçado, por causa do fogo e tal, mas resolveram não dar grande importância ao resto...
Do desempenho dos actores até à história, nada sobressai. Gostam de filmes baseados em heróis da Marvel? Querem passar uma tarde descontraída? Têm uma estupidez de dinheiro para dar por uma hora e meia de descontracção (ou cartão ZON e companhia, como eu)? Então força!
Caso contrário, mais vale optar por ir comer um geladinho ao sol....

Fonte: sciencefiction.com

Bons filmes e boas leituras!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Remédio para o Pessimismo

Queixas-te porque não encontras nada a teu gosto?
São então sempre os teus velhos caprichos
Ouço-te praguejar, gritar e escarrar...
Estou esgotado, o meu coração despedaça-se.
Ouve, meu caro, decide-te livremente.
A engolir um sapinho bem gordinho,
De uma só vez e sem olhar.
É remédio soberano para a dispepsia.



Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência

Tem faltado optimismo... Pelo menos à minha volta. Até eu que sou uma pessoa que se recusa a ver só o lado negativo de qualquer situação (a sério!) de vez em quando aborreço-me de tanta coisa errada e apetece-me queixar-me e queixar-me e queixar-me... Como se isso fosse resolver alguma coisa! Queixar-se é como rezar, bem que se pode martelar o dia inteiro durante anos que se não se fizer por isso (seja o isso o que isso for...) terminamos exactamente igual ao que começámos... Ou ao que terminaríamos caso nada tivéssemos feito, pois iguais nunca ficamos quando algo muda, mesmo sem o nosso controlo.
É por isto que raramente me dura o pessimismo. Depois de passar uma tarde a lamentar-me, chego à noite com o problema tão resolvido como estava quando comecei, e com uma tarde a menos na minha vida... Olha que esperta! Que tempo bem empregue! Então, quando chego a esta conclusão, sigo o concelho de Nietzsche e decido-me livremente a engolir o meu sapo, com plena consciência que, até hoje, os meus sapos mais não foram que girinos e que todos os dias há quem os engula, adultos e bem gordos, para sair de casa com um sorriso a pensar para consigo que a situação "podia ser bem pior"... 
Portanto, engulam os sapos que têm para engolir hoje e gozem o fim de semana!

Bons filmes e boas leituras!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher

Não vou explicar detalhadamente as origens do Dia Internacional da Mulher porque todos sabemos consultar a wikipedia, certo? (No caso é mesmo só seguir o link, coloquei o inglês que está mais completo.)

Membros da Women's International League for Peace and Freedom, em Washington, D.C., 1922.
Fonte: wikipedia.org
O que eu queria aqui, e queria muito, é lembrar que as mulheres não tiveram uma existência pacífica no mundo moderno. A igualdade a que hoje estamos habituadas nos países desenvolvidos (estamos...?) não foi um dado assumido até há bem menos tempo do que pensamos (quem se move, por exemplo, em círculos de emprego mais masculinos, sabe que ainda hoje nem sempre é.) e, claro, nem vale a pena falar em muitos países em vias de desenvolvimento em que continuam a ser negados, às mulheres, direitos tão básicos como o voto, a educação e a independência.
O que eu gostaria hoje, como celebração do Dia Internacional da Mulher, era que nos lembrássemos que houve muitas mulheres de armas que deram a vida, literal ou figuradamente, para que hoje tenhamos o "grau de igualdade" que temos. Que uma mulher define-se pela sua força, capacidade de lidar com dificuldades, de superar problemas, de enfrentar tempos difíceis com determinação e trabalho, sem medo!
É deste tipo de mulher que o dia de hoje trata. É da mulher que vai, mais uma vez, sem vacilar, arregaçar as mangas e emergir dos tempos difíceis.

Custa-me engolir o estereótipo das piadas de mulheres, principalmente quando usados por quem sei que, intrinsecamente, até concorda com eles. Custa-me que algumas mulheres tenham prazer em fazer justiça ao estereótipo da futilidade, da necessidade de apoio masculino, do servilismo e da maldade e inveja quando se trata de outras mulheres.

Em suma, irrita-me que queiramos exigir igualdade ao mesmo tempo que exigimos tratamento especial da parte dos homens e da sociedade pelas nossas diferenças. A "blogosfera" está cheia de "princesas" cujo centro do universo são elas próprias, os seus closets, os seus sapatos, as suas marcas e os seus namorados, quais príncipes encantados, que lhes dão um tratamento absolutamente especial.

Fonte: filmesdeanimao.blogspot.com

Vamos lá desviar os nossos olhos da Cinderela e pô-los na Mulan, se queremos realmente homenagear as mulheres do nosso passado e lutar por um mundo ainda melhor para o nosso futuro.

Bons filmes e boas leituras!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Margarita e o Mestre

Acabei de terminar o romance Margarita e o Mestre de Mikhail Bulgakov e estou, como há muito não estava, praticamente sem palavras!


Vou ter de ir por partes... Começo pela história.
O romance tem o arranque mais banal possível... Em moscovo, dois escritores têm uma conversa medianamente filosófica enquanto bebem uma limonada. São posteriormente abordados por outro homem, alegadamente estrangeiro, e nesta altura tudo começa a assumir contornos mais estranhos. Com a adição de mais alguns estranhos participantes, a história rapidamente se preenche de situações non-sense que, mais tarde, se revelarão sobrenaturais. Oscilando entre a história real, partes da história que não é possível (na altura que acontecem) definir se se tratam de realidade ou sonhos e ainda narrativas que remontam ao tempo de Pôncio Pilatos, tanto como parte do romance de um outro escritor (que se junta posteriormente à história) como como vivências na primeira pessoa do tal "estrangeiro", o fio de ligação entre os acontecimentos vai-se revelando, culminando, depois de muitas desventuras sobrenaturais, na revelação de toda a "realidade" das personagens e das situações. Temos ainda a encerrar, uma visão dos locais e dos intervenientes da malfadada história, alguns anos mais tarde, onde percebemos que a normalidade regressa, mesmo após as situações mais incríveis, e apesar de algumas cicatrizes estarem ainda por sarar completamente.
As personagens são todas meticulosamente trabalhadas e cheias de simbologias cuja interpretação, para meu grande desgosto, me transcende em grande parte, apesar de conseguir discernir aqui e ali algumas conotações e de perceber claramente que nada do que é descrito é incluido ao acaso.
Desde o poeta levado à loucura pela incoerência das suas vivências, ao estrangeiro/mágico/hiptnotizador demoníaco e respectiva comitiva que inclui um manhoso e untuoso gato que gosta de vodka e cogumelos de conserva (que come de garfo), ao romancista que incinerou a sua obra prima e perdeu o juízo, à sua respeitável amada que faz um pacto pela sua salvação, nunca se nos apaga a curiosidade de, cada vez que um novo nome surge na história, saber que surpresas nos reserva.
Fundamental é ainda a narrativa. O autor fala-nos como alguém que nos tenta impressionar contando-nos uma história que muitas vezes parece ter presenciado e muitas outras ter ouvido contar já depois de ter sido contada e "acrescentada" muitas vezes. Tenta, como sempre tenta quem conta algo implausível, fazer-nos a todo o custo acreditar na sua narrativa, usando uma linguagem muito informal que por vezes roça quase o infantil (tornando assim algumas passagens menos assustadoras do que poderiam ser), alternando, em alturas específicas, para uma linguagem bem mais elaborada e polida.
Em suma, foi um livro que fui buscar ao caixote em que estava arrumado por ter decidido controlar-me um pouco a comprar livros com tantos ainda por ler em casa mas dificilmente poderia ter feito uma escolha melhor numa compra planeada. Sem dúvida, um dos melhores, mais emocionantes e mais fascinantes livros que li nos últimos tempos por todas as razões. Recomendo vivamente.

Bons filmes e boas leituras!

segunda-feira, 5 de março de 2012

É p'ra amanhã

É p'ra amanha
Bem podias fazer hoje
Porque amanha sei que voltas a adiar
E tu bem sabes como o tempo foge
Mas nada fazes para o agarrar

Foi mais um dia e tu nada fizeste
Um dia a mais tu pensas que nao faz mal
Vem outro dia e tudo se repete
E vais deixando ficar tudo igual

É p'ra amanha
Bem podias viver hoje
Porque amanha quem sabe se vais ca estar
Ai tu bem sabes como a vida foge
Mesmo que penses que esta p'ra durar

Foi mais um dia e tu nada viveste
Deixas passar os dias sempre iguais
Quando pensares no tempo que perdeste
Entao tu queres mas é tarde demais

É p'ra amanha
Deixa la nao facas hoje
Porque amanha tudo se ha-de arranjar
Ai tu bem sabes que o trabalho foge
Mesmo de quem diz que quer trabalhar

Eu sei que tu andas a procurar
Esse lugar que acerte bem contigo
Do que aparece nao consegues gostar
E do que gostas ja esta preenchido

António Variações

E eu não sei se ria, se chore, se entre em pânico... Se a procrastinação fosse uma doença, eu de certeza teria direito a baixa... Ai, ai... 


Bons filmes e boas leituras!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Liberdade

— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.

— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.

Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.

Miguel Torga, Diário XII

E pronto, porque é sexta feira, ocorreu-me procurar poemas sobre a liberdade em honra dos dois dias da mesma que se seguem... Apaixonei-me imediatamente por este do Miguel Torga, tanto pela sonoridade como pelo conteúdo, e resolvi partilhá-lo convosco. Bom fim de semana!

Bons filmes e boas leituras!

quinta-feira, 1 de março de 2012

O sarcasmo e quem ganha...

Ganho eu, obviamente, mas irrita-me quando se vão embora todos contentes a pensar que ganharam simplesmente porque não compreenderam!