Com uma escrita pouco convencional, quase sempre do ponto de vista de um narrador a quem a história foi contada em primeira mão pelo protagonista e que no-la reconta agora, deixando claro que assim lhe foi contada.
A história em si é também muito envolvente, passada num Portugal de Salazar com a Censura a ditar que cultura e informação era aceitável e permitida. Começamos por conhecer um Dr. Pereira, antigo repórter e actual director da página cultural de uma jornal da tarde, obeso e com problemas de coração, cujo inconformismo se oculta, dos outros e dele próprio, por detrás de uma faceta pacata e católica.
Ao conhecer dois jovens envolvidos no movimento anti-salazarista, o seu lado oculto começa a revelar-se. Numa primeira fase, Pereira tem dificuldade a compreender-se a si próprio e a entender o porquê de não "cortar o mal pela raiz" e deixar de ajudar os jovens, desculpando-se no seu conflito interior com o facto de não ter descendência e ver naqueles jovens a descendência que poderia ter tido.
Procura respostas junto de um padre e um médico que, cada um à sua maneira, continuam a ajudar a trazer à superfície um Pereira que não está tão confortável com a situação de Portugal (que, dizem lá fora, é uma ditadura) como queria fazer e fazer-se crer.
À medida que o obeso e católico Pereira nos vai surpreendendo mais e mais com o seu espírito, antes adormecido, de estudante e intelectual rebelde, começamos a adivinhar-lhe um fim em que Pereira verdadeiramente SE afirma. E não nos desilude.
Fonte: http://asleiturasdocorvo.blogspot.com/ |
Tentarei ver o filme para fazer a comparação, mas já me foi dito que não é tão bom.
Bons filmes e boas leituras!
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