O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa nos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o que é o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguer, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e enche o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
Bertolt Brecht
É difícil deixar de se ser analfabeto político. Ainda mais difícil quando não encaramos a política de uma forma quase "clubística" como muitos encaram. Infelizmente, para mim não é simples, não é a côr "A" ou "B" ou "C", não tenho uma "equipa do coração" da qual sei o palmarés de cor. Torço pelo Sporting porque "sou do Sporting", torço pela Ferrari porque "sou da Ferrari" mas não consigo torcer por um determinado partido porque "é o meu".
Decidi, durante muitos anos, que seria analfabeta. Por um lado estava cansada de ouvir as mentiras mais básicas e fáceis de "apanhar", por outro, dá menos trabalho ir à urna e votar em branco "lavando daí as minhas mãos".
Hoje já não pode ser... Hoje já não se vive o tempo das vacas gordas em que o que quer que os outros decidam por nós não vai fazer grande diferença porque mesmo que sejamos enganados, acaba por haver suficiente para todos: para os que trabalham e para os que ficam em casa, para os que estudam e para os que desistem, para os honestos e para os corruptos. Hoje é diferente.
Por isso apelo, pela primeira vez na minha vida, ao voto útil.
Sim, é melhor votar em branco que não votar. Sim, votar em branco exprime a nossa insatisfação. Não, votar em branco não faz a diferença.
Peço desculpa pelo discurso, muito impróprio da minha pessoa, mas hoje senti necessidade dele.
Bons filmes e boas leituras.
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