quinta-feira, 2 de junho de 2011

Com a Fortuna não Perde o Ser de Besta

Na carreira veloz, a deusa cega
Lança às vezes a mão a um feio mono
E o sobe, num instante, a um coche, a um trono,
Onde a Virtude com trabalho chega.

Porém se, louca, num jumento pega,

Por mais que o erga não lhe dá abono:
Bem se vê que foi sonho de seu sono,
Quando a vara ou bastão ela lhe entrega.

Pouco importa adornar asno casmurro

Com jaezes reais, mantas de festa,
Se a conhecer se dá no rouco zurro.

Quem, no berço, por vil se manifesta,

Quem nele baixo foi, quem nace burro,
Co'a Fortuna não perde o ser de besta.


Francisco Joaquim Bingre, in 'Sonetos'

Ora toma lá que já almoçaste! E é logo de manhã para abrir a pestana! G-E-N-I-A-L!!!

Bons filmes e boas leituras!

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