terça-feira, 7 de junho de 2011

Saramagando...

Porque eu sou uma pessoa que gosta do seu equilíbrio, ao ver o país a "endireitar" (deixo ao vosso critério a interpretação directa ou figurada) resolvi explorar (mais) um bocadinho um senhor de esquerda... Pois não é que eu não sabia que o nosso Nobel, José Saramago, também escrevia poesia?
Devia ter calculado e, diga-se de passagem, poucos andam para aí que, escrevendo, não dêem as suas voltinhas pela poesia, não é? Mas pronto, simplesmente nunca me tinha ocorrido nem nunca tinha "esbarrado" em nada, por isso fiquei, até certo ponto, surpreendida...
Assim sendo, e para quem, como eu, ainda não tenha "esbarrado", fica uma pequena amostra para aguçar a curiosidade!

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda

A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,

Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.


José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"

Bons filmes e boas leituras!

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