quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dinamizando (ou Subitamente Cinéfila)

Voltando à carga, e pouco tendo ainda passado das 200 páginas no Dracula, resolvi que este blog precisa de mais dinamismo! Assim sendo, porque nem só de livros vive uma pessoa e também porque ando numa fase de devoradora insaciável de filmes, vou passar a deixar um registo também destes!
Aproveito, já agora, para dizer que há séculos que não tinha pesadelos por causa de um filme, muito menos de um livro, coisa que aconteceu a noite passada por causa do Dracula! Assim de uma forma muito resumida, estou a adorar. A diferença mais marcante que estou a notar, até agora, entre o livro e o filme, é a ordem dos acontecimentos... Mas não vou revelar mais para já, porque já muito pouco me lembrava do livro e quero avançar mais antes de avaliar em profundidade.

Para começar com a minha "listinha" de filmes, vou só fazer uma passagem muito rápida pelo que vi ontem, pela primeira vez (*NÃO!!!! Ah, sim, sim!!*): Taxi Driver.
Como, provavelmente, já todos sabem, é brilhante! Adorei tudo! Os textos, a conjugação do som, a ansiedade causada por se ver constantemente a instabilidade da personagem principal, Travis (genialmente interpretada por Robert De Niro), mascarada por uma personalidade calma e simples sem nunca se conseguir perceber quando vai atingir o ponto de ruptura... Em suma, tudo se combina num resultado final que, ainda que com "partes" fortíssimas, continua a ser superior à soma destas! Um "Must Watch" que foi finalmente visto!






Em jeito de despedida, só um bocadinho do que me deu pesadelos... 
"The air seems full of specks, floating and circling in the draught from the window, and the lights burn blue and dim. What am I to do? God shield me from harm this night! I shall hide this paper in my breast, where they shall find it when they come to lay me out. My dear mother gone! It is time that I go too. Goodbye, dear Arthur, if I should not survive this night. God keep you, dear, and God help me!"

Dracula, Chapter 11 (end)

E pronto, volto em breve! Boas leituras!

domingo, 17 de abril de 2011

Um desassossego e uma segunda oportunidade....

Adivinhem lá quem voltou! Ah pois é... Maaaas sem grandes notícias...
O Livro do Desassossego está terminado e, como seria de esperar, é absolutamente brilhante. Revejo-me muitíssimo nesta obra, ou pelo menos revejo a minha "faceta mais sombria". Tanto a escrita como a expressão dos sentimentos, de uma forma crua, introspectiva e cínica (ou não), me deixaram agarrada a cada palavra, tendo marcado mais passagens neste livro que em qualquer outro que tenha lido.
Não o considero um livro de leitura fácil nem passível de ser lido independentemente do estado de espírito. A fixação com o desapego da vida real e valorização do imaginário/sonho é, sem dúvida, um "desassossego", principalmente quando a justificação para tal é apresentada de formas tão variadas, mascarada por uma escrita genial e com um misto paradoxal de cinismo e paixão/desespero.
É, na minha opinião, um livro difícil de descrever ou analisar, pelo que não me vou alongar mais, deixando apenas uma entusiástica recomendação de que o leiam.



Segue-se a segunda oportunidade a uma obra cuja minha primeira impressão não foi a mais positiva. No entanto, aprendi a lição com Os Irmãos Karamazov e não vou deixar que a minha opinião de pré-adolescente seja a minha opinião final da obra. Trata-se de Dracula de Bram Stoker, lido desta vez na sua versão original.



Deixo-vos um dos muitos excertos que gostei particularmente:

"A vida prejudica a expressão da vida. Se eu tivesse um grande amor nunca o poderia contar.
Eu próprio não sei se este eu, que vos exponho, por estas coleantes páginas fora, realmente existe ou é apenas um conceito estético e falso que fiz de mim próprio. Sim, é assim. Vivo-me esteticamente em outro. Esculpi a minha vida como a uma estátua de matéria alheia ao meu ser. Às vezes não me reconheço, tão exterior me pus a mim, e tão de modo puramente artístico empreguei a minha consciência de mim próprio. Quem sou por detrás desta irrealidade? Não sei. Devo ser alguém. E se não busco viver, agir, sentir, é - crede-me bem - para não perturbar as linhas feitas da minha personalidade suposta. Quero ser tal qual quis ser e não sou. Se eu cedesse destruir-me-ia. Quero ser uma obra de arte, da alma pelo menos, já que do corpo não posso ser. Por isso me esculpi em calma e alheamento e me pus em estufa, longe dos ares frescos e das luzes francas - onde a minha artificialidade, flor absurda, floresça em afastada beleza."

Livro do Desassossego

Boa noite e boas leituras!