sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Orgulho e a Vaidade

O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito, a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em acção.

Fernando Pessoa, Da Literatura Europeia

Já que fui preguiçosa a semana toda para escrever, não vamos querer romper a tendência logo na Sexta Feira, não é?
Fica aqui um pequeno pensamento do nosso grande Pessoa que, assim de repente, parece inspirado ou no Sócrates durante o anterior mandato ou no Passos Coelho actualmente... Deve ser o lugar que está infectado com um vírus qualquer de vaidade (vazia), deviam pôr a assembleia de quarentena...

Bom fim de semana!

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