Walt Whitman, Song of Myself
Tirando aqueles a quem o homem modelou, dando algo sem se preocupar com o facto de mais tarde lho querer retirar deixando-o um ser desprotegido e já sem preparação para enfrentar as intempéries... Esses são os animais infelizes. Esses animais a quem alguém escolheu fingir amar, para depois lhes mostrar como é viver sem amor.
Naquele momento em que quiserem muito ter um animal, seja ele qual for, lembrem-se que têm não só um hobbie mas também uma responsabilidade. Um animal precisa de se alimentar, precisa de ter condições dignas para sobreviver com conforto, precisa de cuidados veterinários se adoecer, precisa de atenção.
Estão física, psicológica e monetariamente preparados para garantir estas condições? Se não, não o tenham. Não vale deitar uma tartaruga nascida em cativeiro num ribeiro qualquer, muito menos na sanita. Não vale libertar um camaleão que não conheceu senão o seu terrário na mata. Não vale deixar um cão que dormiu sempre envolto em cobertores numa qualquer estrada. Não vale deixar um rato a quem todos os dias foi disponibilizada comida sem esforço num lancil do passeio.
Desculpem a lição de moral, mas mais que nunca a crise parece ser a desculpa ideal para a desresponsabilização. Revolta-me.
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