Digam-me lá o que vos parece da ideia de entrar dentro da cabeça de um alcoólico, sofrendo um pouco da ressaca matinal e desfrutando depois da bebedeira nos seus mais variados moldes e intensidades, enquanto decorre uma viagem de combóio cuja duração é deturpada pela mente toldada pelo álcool e toda a realidade, que é observada do ponto de vista do autor, Venedikt Erofeev, está dependente da natureza e quantidade da bebida ingerida?
Não me lixem, não vos pode parecer mal!
É fascinante! Começando pela escrita, naquele discurso (e por vezes diálogo) mental que todos fazemos e que, confessem que eu também, se torna bastante mais interessante quando "alterado", e terminando na descrição da realidade (e, a certo ponto, de um sonho) com pormenores deliciosos, daqueles que, simplesmente, não notamos num estado sóbrio.
São também descritas algumas situações passadas da vida do autor, de acontecimentos marcantes e da sua paixão incontrolável por uma mulher, ficando, ainda assim, pouco claro quanto do descrito é relembrado com exactidão e quanto faz parte do delírio alcoólico.
Pelo que sei, De Moscovo a Petushki (cuidado com este link, tem spoiler...) já não se publica em português, eu tive a sorte de o pedirem emprestado para me emprestar, por conhecerem a minha "pancada" por escritores russos, mas asseguro que vale a pena lê-lo, nem que seja em inglês (parto do princípio que a maioria de vós não sabe russo... ai, o que eu gostava de saber...).
E é assim. Fabuloso do princípio ao fim. Viciante!
Agora estou a conhecer o Gonçalo M. Tavares com o livro A Máquina de Joseph Walser que me trouxe o Pai Natal da Panuci :D Novidades em breve.... heheh
Ficamos à espera :)
ResponderEliminar