Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,
Firmo o projeto, aqui isolado,
Remoto até de quem eu sou.
Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tique-taque estalado das máquinas de escrever.
Que náusea da vida!
Que abjeção esta regularidade!
Que sono este ser assim!
Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavaleiros
(Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),
Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,
Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,
Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.
Outrora.
Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tique-taque estalado das máquinas de escrever.
Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.
Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
Neste momento, pela náusea, vivo na outra ...
Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
Ergue a voz o tique-taque estalado das máquinas de escrever.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
É isto...É que é MESMO isto!
Bons filmes e boas leituras!
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Control
Control foi o eleito deste Domingo, depois de ter descoberto durante a semana passada que o filme existia!
Esta biografia de Ian Curtis abrangendo a sua curta vida adulta, associada à também curta carreira dos Joy Division, é um filme romântico e angustiante, sobre um rapaz que começa por ser mais sensível que a média e passa aos poucos, a ter dificuldades em lidar com esta sensibilidade.
Uma visão inicialmente infantil ou demasiado romântica do amor faz com que se case muito cedo e venha a desenvolver, mais tarde, algum sentimento de culpa ao ter dúvidas de ter feito a escolha certa, sendo este sentimento mais acentuado ainda quando se volta a apaixonar, não conseguindo lidar com a situação de ter fazer uma escolha. Vem a tornar-se num jovem cada vez mais exteriormente apático, sofrendo uma grande luta interior com sentimentos de culpa, angústia, paixão e desilusão. Obrigado a lidar com a complicada vida amorosa, a recentemente diagnosticada e não controlada epilepsia e a crescente (e para ele indesejada) fama dos Joy Division, revela-se incapaz de se adaptar às circunstâncias da vida e põe-lhe um fim, enforcando-se com apenas 23 anos de idade.
É dada alguma ênfase no filme, com toda a justiça, às belíssimas letras que escreveu, incaracterísticas de um poeta tão novo.
Foi também uma agradável surpresa o desempenho de Sam Riley, actor que não conhecia e cuja carreira é ainda bastante curta, no papel de Ian Curtis. Na minha opinião, foi capaz de expressar a luta interior por detrás a apatia, o que nem sempre é fácil...
Gostei MUITO e aconselho vivamente, tanto a fãs incondicionais como a quem nunca tenha antes ouvido falar de Ian Curtis ou de Joy Division.
Bons filmes e boas leituras!
PS - Também vi o The Hangover e o The Hangover Part II... Não são filmes que peçam grandes comentários mas são absolutamente hilariantes! Aconselho para uma tarde de relax! Soube-me bastante bem depois de Control, para "aliviar"!
Esta biografia de Ian Curtis abrangendo a sua curta vida adulta, associada à também curta carreira dos Joy Division, é um filme romântico e angustiante, sobre um rapaz que começa por ser mais sensível que a média e passa aos poucos, a ter dificuldades em lidar com esta sensibilidade.
Uma visão inicialmente infantil ou demasiado romântica do amor faz com que se case muito cedo e venha a desenvolver, mais tarde, algum sentimento de culpa ao ter dúvidas de ter feito a escolha certa, sendo este sentimento mais acentuado ainda quando se volta a apaixonar, não conseguindo lidar com a situação de ter fazer uma escolha. Vem a tornar-se num jovem cada vez mais exteriormente apático, sofrendo uma grande luta interior com sentimentos de culpa, angústia, paixão e desilusão. Obrigado a lidar com a complicada vida amorosa, a recentemente diagnosticada e não controlada epilepsia e a crescente (e para ele indesejada) fama dos Joy Division, revela-se incapaz de se adaptar às circunstâncias da vida e põe-lhe um fim, enforcando-se com apenas 23 anos de idade.
É dada alguma ênfase no filme, com toda a justiça, às belíssimas letras que escreveu, incaracterísticas de um poeta tão novo.
Foi também uma agradável surpresa o desempenho de Sam Riley, actor que não conhecia e cuja carreira é ainda bastante curta, no papel de Ian Curtis. Na minha opinião, foi capaz de expressar a luta interior por detrás a apatia, o que nem sempre é fácil...
Gostei MUITO e aconselho vivamente, tanto a fãs incondicionais como a quem nunca tenha antes ouvido falar de Ian Curtis ou de Joy Division.
Disorder
I've been waiting for a guide to come and take me by the hand
Could these sensations make me feel the pleasures of a normal man?
These sensations barely interest me for another day
I've got the spirit, lose the feeling, take the shock away
It's getting faster, moving faster now, it's getting out of hand
On the tenth floor, down the backstairs, it's a no man's land
Lights are flashing, cars are crashing, getting frequent now
I've got the spirit, lose the feeling, let it out somehow
What means to you, what means to me, and we will meet again
I'm watching you, I'm watching her, I'll take no pity from your friends
Who is right, who can tell, and who gives a damn right now
Until the spirit new sensation takes hold, then you know (3)
I've got the spirit, but lose the feeling (2)
Feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling, feeling.
Bons filmes e boas leituras!
PS - Também vi o The Hangover e o The Hangover Part II... Não são filmes que peçam grandes comentários mas são absolutamente hilariantes! Aconselho para uma tarde de relax! Soube-me bastante bem depois de Control, para "aliviar"!
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Eu confesso....
... Que explorando um bocadinho mais este senhor, ele até tem o seu je ne sais quoi! À falta de melhor para falar, por estar a ler contra-relógio e querer deixar tudo o que tenho para dizer sobre o livro para um post só, fica um momento "Verde" para decorar esta sexta-feira!
Cinismos
Eu hei de lhe falar lugubremente
Do meu amor enorme e massacrado,
Falar-lhe com a luz e a fé dum crente.
Hei de expor-lhe o meu peito descarnado,
Chamar-lhe minha cruz e meu Calvário,
E ser menos que um Judas empalhado.
Hei de abrir-lhe o meu íntimo sacrário
E desvendar a vida, o mundo, o gozo,
Como um velho filósofo lendário.
Hei de mostrar, tão triste e tenebroso,
Os pegos abismais da minha vida,
E hei de olhá-la dum modo tão nervoso,
Que ela há de, enfim, sentir-se constrangida,
Cheia de dor, tremente, alucinada,
E há de chorar, chorar enternecida!
E eu hei de, então, soltar uma risada.
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
Do meu amor enorme e massacrado,
Falar-lhe com a luz e a fé dum crente.
Hei de expor-lhe o meu peito descarnado,
Chamar-lhe minha cruz e meu Calvário,
E ser menos que um Judas empalhado.
Hei de abrir-lhe o meu íntimo sacrário
E desvendar a vida, o mundo, o gozo,
Como um velho filósofo lendário.
Hei de mostrar, tão triste e tenebroso,
Os pegos abismais da minha vida,
E hei de olhá-la dum modo tão nervoso,
Que ela há de, enfim, sentir-se constrangida,
Cheia de dor, tremente, alucinada,
E há de chorar, chorar enternecida!
E eu hei de, então, soltar uma risada.
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
Bons filmes e boas leituras!
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Álcool
Álcool Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
Batem asas d'auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de côr e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Desce-me a alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de ouro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio d'inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eterizo?
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
Batem asas d'auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de côr e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Desce-me a alma, sangram-me os sentidos.
Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho... Em vão! Silvo pra além...
Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de ouro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
Que droga foi a que me inoculei?
Ópio d'inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eterizo?
Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que eu ando delirante -
Manhã tão forte que me anoiteceu.
Mário de Sá-Carneiro, em 'Dispersão'
E pronto... Era só isto... Acho importante que tenham o momento de cultura do dia... O que vale é que quando eu não tenho nada para dizer, existe sempre alguém que já tenha dito algo de útil para eu publicar!
Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 25 de maio de 2011
Hino à Razão
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.
Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
Antero de Quental Uma passagem muito rápida só para deixar as palavras sábias de um grande senhor.
Perceberam? Hum? Hum? Razão! Razão é bonito.... Adiante!
Bons filmes e boas leituras!
terça-feira, 24 de maio de 2011
O Analfabeto Político
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa nos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o que é o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguer, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e enche o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
Bertolt Brecht
É difícil deixar de se ser analfabeto político. Ainda mais difícil quando não encaramos a política de uma forma quase "clubística" como muitos encaram. Infelizmente, para mim não é simples, não é a côr "A" ou "B" ou "C", não tenho uma "equipa do coração" da qual sei o palmarés de cor. Torço pelo Sporting porque "sou do Sporting", torço pela Ferrari porque "sou da Ferrari" mas não consigo torcer por um determinado partido porque "é o meu".
Decidi, durante muitos anos, que seria analfabeta. Por um lado estava cansada de ouvir as mentiras mais básicas e fáceis de "apanhar", por outro, dá menos trabalho ir à urna e votar em branco "lavando daí as minhas mãos".
Hoje já não pode ser... Hoje já não se vive o tempo das vacas gordas em que o que quer que os outros decidam por nós não vai fazer grande diferença porque mesmo que sejamos enganados, acaba por haver suficiente para todos: para os que trabalham e para os que ficam em casa, para os que estudam e para os que desistem, para os honestos e para os corruptos. Hoje é diferente.
Por isso apelo, pela primeira vez na minha vida, ao voto útil.
Sim, é melhor votar em branco que não votar. Sim, votar em branco exprime a nossa insatisfação. Não, votar em branco não faz a diferença.
Peço desculpa pelo discurso, muito impróprio da minha pessoa, mas hoje senti necessidade dele.
Bons filmes e boas leituras.
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa nos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o que é o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguer, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e enche o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.
Bertolt Brecht
É difícil deixar de se ser analfabeto político. Ainda mais difícil quando não encaramos a política de uma forma quase "clubística" como muitos encaram. Infelizmente, para mim não é simples, não é a côr "A" ou "B" ou "C", não tenho uma "equipa do coração" da qual sei o palmarés de cor. Torço pelo Sporting porque "sou do Sporting", torço pela Ferrari porque "sou da Ferrari" mas não consigo torcer por um determinado partido porque "é o meu".
Decidi, durante muitos anos, que seria analfabeta. Por um lado estava cansada de ouvir as mentiras mais básicas e fáceis de "apanhar", por outro, dá menos trabalho ir à urna e votar em branco "lavando daí as minhas mãos".
Hoje já não pode ser... Hoje já não se vive o tempo das vacas gordas em que o que quer que os outros decidam por nós não vai fazer grande diferença porque mesmo que sejamos enganados, acaba por haver suficiente para todos: para os que trabalham e para os que ficam em casa, para os que estudam e para os que desistem, para os honestos e para os corruptos. Hoje é diferente.
Por isso apelo, pela primeira vez na minha vida, ao voto útil.
Sim, é melhor votar em branco que não votar. Sim, votar em branco exprime a nossa insatisfação. Não, votar em branco não faz a diferença.
Peço desculpa pelo discurso, muito impróprio da minha pessoa, mas hoje senti necessidade dele.
Bons filmes e boas leituras.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
Às vezes...
Às vezes tenho ideias, felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despejam...
Depois de escrever, leio...
Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...
Álvaro de Campos, 1934
Era só isto... É 6ª feira!
Bons filmes e boas leituras!
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despejam...
Depois de escrever, leio...
Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...
Álvaro de Campos, 1934
Era só isto... É 6ª feira!
Bons filmes e boas leituras!
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Sid & Nancy revisited
Hoje foi dia de relembrar. Sid & Nancy foi o eleito e não faço ideia há quantos anos tinha visto, mas não me lembrava de praticamente nada! Não estou muito certa da acuidade histórica do filme (confesso que não me prestei a um grande trabalho de pesquisa), no entanto, trata-se de uma visão fria e pouco romantizada, na minha opinião, da dependência de drogas mais do que da história de um casal que não há quem não conheça.
Voltei também a relembrar porque considero Gary Oldman um dos melhores actores de todos os tempos... Quem vir o filme e conseguir reconhecer nele um actor em início de carreira, que se acuse! Absolutamente brilhante!
Fun facts:
Tim Roth recusou o papel de Johnny Rotten por considerar que a história ainda era muito recente na altura que o filme foi feito.
Gary Oldman foi hospitalizado na sequência das enormes restrições a que se impôs para perder peso para interpretar Sid Vicious.
A corrente com cadeado usada no filme é "a original" tendo sido emprestada pela mãe de Sid para as filmagens.
Já agora, só para terminar, deixo também uma imagem do casal original... Opinião pessoal: o Sid melhorou muito no filme e a Nancy piorou bastante! Pronto, pronto, estou a brincar! Cá estão eles:
Voltei também a relembrar porque considero Gary Oldman um dos melhores actores de todos os tempos... Quem vir o filme e conseguir reconhecer nele um actor em início de carreira, que se acuse! Absolutamente brilhante!
Fun facts:
Tim Roth recusou o papel de Johnny Rotten por considerar que a história ainda era muito recente na altura que o filme foi feito.
Gary Oldman foi hospitalizado na sequência das enormes restrições a que se impôs para perder peso para interpretar Sid Vicious.
A corrente com cadeado usada no filme é "a original" tendo sido emprestada pela mãe de Sid para as filmagens.
Já agora, só para terminar, deixo também uma imagem do casal original... Opinião pessoal: o Sid melhorou muito no filme e a Nancy piorou bastante! Pronto, pronto, estou a brincar! Cá estão eles:
Love Kills
Bons filmes e boas leituras!
O Livro de Duarte Barbosa
Cá está ele! Recomendado por um amigo e já iniciado, se bem que com pouco tempo pelo que me fiquei apenas pelo prefácio, O Livro de Duarte Barbosa promete!
Calço uns sapatos com quase meio milénio e lá vou eu "descobrir". Estou verdadeiramente excitada com esta leitura muito diferente da habitual!
História nunca foi o meu forte, mas há que dar a mão à palmatória neste caso... Hoje em dia, semelhante experiência só pode acontecer no espaço e no fundo do oceano... Já imaginaram quando havia terra por descobrir ou que pouco tinha sido explorada? E ver tudo pela primeira vez, sem ter visto imagens na televisão ou ter encontrado guias na internet? Pois é essa a experiência em que pretendo embarcar!
Bons filmes e boas leituras!
Calço uns sapatos com quase meio milénio e lá vou eu "descobrir". Estou verdadeiramente excitada com esta leitura muito diferente da habitual!
História nunca foi o meu forte, mas há que dar a mão à palmatória neste caso... Hoje em dia, semelhante experiência só pode acontecer no espaço e no fundo do oceano... Já imaginaram quando havia terra por descobrir ou que pouco tinha sido explorada? E ver tudo pela primeira vez, sem ter visto imagens na televisão ou ter encontrado guias na internet? Pois é essa a experiência em que pretendo embarcar!
Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Long Live Ian Curtis
Suicidou-se há 31 anos, com apenas 23. Enorme perda.
"When routine bites hard,
And ambitions are low,
And resentment rides high,
But emotions won't grow,
And we're changing our ways,
Taking different roads.
Then love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Why is the bedroom so cold?
You've turned away on your side.
Is my timing that flawed?
Our respect runs so dry.
Yet there's still this appeal
That we've kept through our lives.
But love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
You cry out in your sleep,
All my failings exposed.
And there's a taste in my mouth,
As desperation takes hold.
Just that something so good
Just can't function no more.
But love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again."
"When routine bites hard,
And ambitions are low,
And resentment rides high,
But emotions won't grow,
And we're changing our ways,
Taking different roads.
Then love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Why is the bedroom so cold?
You've turned away on your side.
Is my timing that flawed?
Our respect runs so dry.
Yet there's still this appeal
That we've kept through our lives.
But love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
You cry out in your sleep,
All my failings exposed.
And there's a taste in my mouth,
As desperation takes hold.
Just that something so good
Just can't function no more.
But love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again."
Leituras divertidas.....
Apesar de ter um livro em fila de espera e um a "chegar" hoje para começar já, vai ter de haver tempo para uma leitura extra muito interessante... Ou não.... Provavelmente não... Definitivamente não.... Mas pronto, o que tem de ser tem muita força! Vou então partilhar com vocês os links para esta maravilhosa leitura que eu vou fazer e que todos deveríamos fazer nos próximos dias (vou deixar apenas os "grandes", não me interpretem mal, mas para me estar chatear com os outros, votava em branco e tinha menos trabalho):
Programa Eleitoral PS
Programa Eleitoral PSD
Programa Eleitoral CDS/PP
Programa Eleitoral BE
Programa Eleitoral CDU
Sim, sim... É verdade que os há sem versão em pdf... Aguentem! Ou procurem melhor, eu não encontrei... Enfim...
Bons filmes e boas leituras!
terça-feira, 17 de maio de 2011
Eyes Wide Shut
Depois de uns dias sem tempo para um filmezinho que fosse, hoje foi a vez de Eyes Wide Shut (ainda dentro dos que estavam programados para a maratona Kubrick).
Começava eu a ficar convencida de que o senhor até conseguia fazer uns filmes "normais" e eis que chegamos a meio do filme! Afinal parece que não... E eu até estava a pensar "Bem, este não é brilhante de uma maneira tão excêntrica mas não deixa de ter os jogos de cores, sons e leitura da mente humana que caracterizam todos os que já vi..." quando começa finalmente a aquecer!
De um momento para outro, a história de um casal-quase-perfeito-quase-em-crise transforma-se numa sucessão de acontecimentos surreais, confusos e desesperantes.
Gostei bastante e não é dizer pouco quando o actor principal é o Tom Cruise, do qual não sou, nem de longe, fã...
Recomendo vivamente!
Bons filmes e boas leituras!
Começava eu a ficar convencida de que o senhor até conseguia fazer uns filmes "normais" e eis que chegamos a meio do filme! Afinal parece que não... E eu até estava a pensar "Bem, este não é brilhante de uma maneira tão excêntrica mas não deixa de ter os jogos de cores, sons e leitura da mente humana que caracterizam todos os que já vi..." quando começa finalmente a aquecer!
De um momento para outro, a história de um casal-quase-perfeito-quase-em-crise transforma-se numa sucessão de acontecimentos surreais, confusos e desesperantes.
Gostei bastante e não é dizer pouco quando o actor principal é o Tom Cruise, do qual não sou, nem de longe, fã...
Recomendo vivamente!
Bons filmes e boas leituras!
segunda-feira, 16 de maio de 2011
O Cão de Sócrates
Terminei, no fim de semana, O Cão de Sócrates, e devo dizer que dá para umas boas gargalhadas... Isto é, até se pensar que na origem das piadas feitas está a triste realidade do nosso país... Mas como eu sou uma pessoa que não dispensa uma boa dose de humor, por mais negro que seja, adorei o tom sarcástico do "cão" e os seus relatos dos 6 anos que passou em S. Bento.
Como obra literária, não é nada de transcendente (não me interpretem mal, também não é mau!) mas é um bom resumo de muitas coisas que aqueles de nós com memória mais curta podem estar a começar a esquecer... Não só relembramos, como o fazemos de maneira a não ficarmos a espumar (tanto) pela boca por causa da nota mais cómica associada...
Enfim, recomendo, especialmente agora que nos devemos fazer valer bem de todo o conhecimento passado que possuímos antes de ir às urnas escolher quem vai governar o país nos próximos anos!
Bons filmes e boas leituras!
Como obra literária, não é nada de transcendente (não me interpretem mal, também não é mau!) mas é um bom resumo de muitas coisas que aqueles de nós com memória mais curta podem estar a começar a esquecer... Não só relembramos, como o fazemos de maneira a não ficarmos a espumar (tanto) pela boca por causa da nota mais cómica associada...
Enfim, recomendo, especialmente agora que nos devemos fazer valer bem de todo o conhecimento passado que possuímos antes de ir às urnas escolher quem vai governar o país nos próximos anos!
Bons filmes e boas leituras!
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Azar....
E não é a propósito de ser 6ª feira 13, mas parece que falar bem do Cesário Verde dá azar... Logo quando resolvi baixar as armas e dedicar-lhe um post, assumindo que até tem o seu encanto, zás! Vai-se o blogger à vida e desaparece-me o post! Aparentemente estão a trabalhar para o trazer de volta... Veremos...
Até lá, vou jogar pelo seguro! Este senhor, pelo menos, nunca me deu problemas!
Magnificat
Álvaro de Campos
Bons filmes e boas leituras!
Até lá, vou jogar pelo seguro! Este senhor, pelo menos, nunca me deu problemas!
Magnificat
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que dispertarei de estar accordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossivel de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossivel de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, quem tens lá no fundo?
É Esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!
|
Álvaro de Campos
Bons filmes e boas leituras!
quinta-feira, 12 de maio de 2011
Cesário Verde - um gosto adquirido
Ora cá estou eu, ainda sem novidades literárias ou cinematográficas, mas com um comunicado oficial:
Eu afinal até gosto um bocadinho do Cesário!
Está certo que foi dos poetas que menos gostei no secundário, soava-me sempre... hmmm... "pouco poético"! Um bocadinho como os Xutos e Pontapés usarem a palavra "fotocópias" na letra de uma música, simplesmente não soa bem! Com o tempo, como sou uma rapariga insistente e sempre me fez muita confusão não gostar de um autor que o meu professor considerava genial, fui lendo um bocadinho aqui, um bocadinho ali e à medida que o tempo foi passando fui "engolindo" cada vez melhor... É certo que um ou outro poema ainda me ficam atravessados na garganta, mas a maioria dos que leio, acho bastante interessantes e com uma sonoridade não "errada" (como antes pensava) mas sim diferente daquilo a que estou mais habituada. Deixo-vos com o nosso amigo Verde....
Contrariedades
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...
O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redação, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.
A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene.
Com raras exceções merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho
Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.
Receiam que o assinante ingênuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convêm, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua coterie;
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.
A adulação repugna aos sentimentos finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exatos,
Os meus alexandrinos...
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe umedece as casas,
E fina-se ao desprezo!
Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a réclame, a intriga, o anúncio, a blague,
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
Bons filmes e boas leituras!
Eu afinal até gosto um bocadinho do Cesário!
Está certo que foi dos poetas que menos gostei no secundário, soava-me sempre... hmmm... "pouco poético"! Um bocadinho como os Xutos e Pontapés usarem a palavra "fotocópias" na letra de uma música, simplesmente não soa bem! Com o tempo, como sou uma rapariga insistente e sempre me fez muita confusão não gostar de um autor que o meu professor considerava genial, fui lendo um bocadinho aqui, um bocadinho ali e à medida que o tempo foi passando fui "engolindo" cada vez melhor... É certo que um ou outro poema ainda me ficam atravessados na garganta, mas a maioria dos que leio, acho bastante interessantes e com uma sonoridade não "errada" (como antes pensava) mas sim diferente daquilo a que estou mais habituada. Deixo-vos com o nosso amigo Verde....
Contrariedades
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...
O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redação, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.
A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene.
Com raras exceções merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho
Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.
Receiam que o assinante ingênuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convêm, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua coterie;
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.
A adulação repugna aos sentimentos finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exatos,
Os meus alexandrinos...
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe umedece as casas,
E fina-se ao desprezo!
Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a réclame, a intriga, o anúncio, a blague,
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!
Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde'
Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Orpheu
Uma passagem rápida, já que não tem havido tempo para filmes e ainda não terminei o livro que estou a ler de momento (O Cão de Sócrates), só para cultivar um bocadinho... Cruzei-me com este texto, que gostei bastante, pelo que decidi vir partilhar convosco... Já que não faço a jardinagem em casa, pelo menos alguma coisa eu "cultivo"! Fica então um excerto:
"Orpheu
De mais a mais, o que o crítico deve distinguir, com curioso cuidado, é o confuso do complexo. Nem deve cair nesse erro crasso, que é vulgar naqueles que procuram seguir os clássicos, sem lhes terem compreendido assaz o espírito da Obra, que consiste em crer que o estilo simples é o melhor de todos, o que é certo, mas não reparando em que não há só um estilo simples porém vários; que a simplicidade não é uma, mas de diversas espécies.
Há, por certo, um modo simples de dizer as coisas; se essas coisas, porém, forem, de sua natureza, complexas, não hão-de ser ditas de tal maneira que uma simplicidade de expressão as torne simples, pois que, se são complexas, fazê-las parecer simples é exprimi-las mal. O espírito de um Dante ou o de um Shakespeare, porque têm herdado séculos de acumulações cristãs, têm outra complexidade que não o espírito de um Homero, ou mesmo de um Virgílio. O que o crítico sagaz exige de um Dante ou de um Shakespeare não é que escrevam na simplicidade de um Homero ou de um Virgílio, mas sim que escrevam exprimindo com a clareza que couber àquelas coisas que pensam.
A simplicidade, além de ser diversa consoante os indivíduos, comporta, fora isto, diversos aspectos absolutos. Uma coisa pode ser expressa simplesmente, pela razão que de sua natureza é simples; pode ser expressa simplesmente porque seja traduzida directamente como é sentida, sem que se procure ajustá-la a qualquer ideal de estética estranho à coisa sentida; e pode ser expressa simplesmente por ser sujeitada a um tal critério estético, a um critério estético que imponha a preocupação da simplicidade. [...]"
António Mora, 1915?
Ah... Pessoa logo pela manhã sabe ou não sabe bem?! E pronto, fica a "prendinha" e eu despeço-me...
Bons filmes e boas leituras!
"Orpheu
De mais a mais, o que o crítico deve distinguir, com curioso cuidado, é o confuso do complexo. Nem deve cair nesse erro crasso, que é vulgar naqueles que procuram seguir os clássicos, sem lhes terem compreendido assaz o espírito da Obra, que consiste em crer que o estilo simples é o melhor de todos, o que é certo, mas não reparando em que não há só um estilo simples porém vários; que a simplicidade não é uma, mas de diversas espécies.
Há, por certo, um modo simples de dizer as coisas; se essas coisas, porém, forem, de sua natureza, complexas, não hão-de ser ditas de tal maneira que uma simplicidade de expressão as torne simples, pois que, se são complexas, fazê-las parecer simples é exprimi-las mal. O espírito de um Dante ou o de um Shakespeare, porque têm herdado séculos de acumulações cristãs, têm outra complexidade que não o espírito de um Homero, ou mesmo de um Virgílio. O que o crítico sagaz exige de um Dante ou de um Shakespeare não é que escrevam na simplicidade de um Homero ou de um Virgílio, mas sim que escrevam exprimindo com a clareza que couber àquelas coisas que pensam.
A simplicidade, além de ser diversa consoante os indivíduos, comporta, fora isto, diversos aspectos absolutos. Uma coisa pode ser expressa simplesmente, pela razão que de sua natureza é simples; pode ser expressa simplesmente porque seja traduzida directamente como é sentida, sem que se procure ajustá-la a qualquer ideal de estética estranho à coisa sentida; e pode ser expressa simplesmente por ser sujeitada a um tal critério estético, a um critério estético que imponha a preocupação da simplicidade. [...]"
António Mora, 1915?
Ah... Pessoa logo pela manhã sabe ou não sabe bem?! E pronto, fica a "prendinha" e eu despeço-me...
Bons filmes e boas leituras!
segunda-feira, 9 de maio de 2011
(Mini)Maratona Kubrick
Isto de vez em quando dá-me para ter vida social, portanto a maratona programada ficou reduzida a uma mini maratona! Mesmo assim, gostei imenso dos filmes que vi e, mais uma vez, nem sei como ainda não tinha vistos dois deles: o 2001: A Space Odyssey e o Dr. Strangelove. Vi também o Lolita e gostei muito, o "toque Kubrick" está lá (sem qualquer dúvida) mas menos evidente que nos outros dois.
Adoro a forma como são introduzidas sempre personagens que parecem "fora", não da história, mas do "clima", da média de personalidades das outras personagens... Fantástico! Estas personagens são normalmente dotadas de um humor que foge muito à situação em que estão inseridas e parecem sempre provocar algum constrangimento nos outros, assim como a pessoa que conta anedotas na sala de espera dos cuidados intensivos!
Mais uma vez, a banda sonora conjugada com a história e a imagem é absolutamente estonteante!
Não tendo conseguido ver todos os que estavam planeados, não ficam inseridos na maratona mas não deixaram de fazer parte dos planos, pelo que espero falar desses mais à frente!
Bons filmes e boas leituras!!!
Adoro a forma como são introduzidas sempre personagens que parecem "fora", não da história, mas do "clima", da média de personalidades das outras personagens... Fantástico! Estas personagens são normalmente dotadas de um humor que foge muito à situação em que estão inseridas e parecem sempre provocar algum constrangimento nos outros, assim como a pessoa que conta anedotas na sala de espera dos cuidados intensivos!
Mais uma vez, a banda sonora conjugada com a história e a imagem é absolutamente estonteante!
Não tendo conseguido ver todos os que estavam planeados, não ficam inseridos na maratona mas não deixaram de fazer parte dos planos, pelo que espero falar desses mais à frente!
Bons filmes e boas leituras!!!
sábado, 7 de maio de 2011
Dracula by Bram Stoker
Posso indignar-me??? Então aqui vai: eu não me lembrava do porquê, e assumi que era só pela escrita ser em diário, de não ter gostado mais do livro do que do filme quando o li pela primeira vez, há uns bons15-16 anos atrás... Agora já percebi... Devo ter recalcado o facto de, no livro, NÃO EXISTIR DE TODO a maravilhosa história de amor entre o Conde e a reencarnação da sua falecida amada... NÃO HÁ SEQUER uma falecida amada, tanto quanto se pode apurar!
Estava perfeitamente convencida que, se bem que muito mais em segundo plano que no filme, a história estava lá. É provável que a minha confusão se tenha devido ao facto do filme ser, tirando o pequeno pormenor de ter uma história "extra", uma excelente adaptação em tudo o resto. Com umas pequenas alterações nas personagens, poucas em termos de linha temporal da história e, como é incontornavel, supressão de algumas cenas, é ainda assim um retrato bastante fiel da história do livro, desde a decadência de Lucy até à perseguição do Conde.
Assim sendo, gosto muito do livro, é uma obra fantástica, mas em termos de história, continuo a preferir o filme! Como é natural tendo visto primeiro e lido depois, fiquei muito colada, mesmo tentanto imaginar ao máximo baseada nas descrições do livro, ao aspecto dos actores do filme. Ora sendo no livro a história de amor central protagonizada por Mina/Harker e no filme por Mina/Drácula temos Reeves vs Oldman.... Pffff =P
Portanto neste remake do Livro vs Filme, continua a sair vencedor........ Quem, quem?
É isso mesmo!
Neste momento decorre a maratona Kubrick... I'll BE BACK!
Estava perfeitamente convencida que, se bem que muito mais em segundo plano que no filme, a história estava lá. É provável que a minha confusão se tenha devido ao facto do filme ser, tirando o pequeno pormenor de ter uma história "extra", uma excelente adaptação em tudo o resto. Com umas pequenas alterações nas personagens, poucas em termos de linha temporal da história e, como é incontornavel, supressão de algumas cenas, é ainda assim um retrato bastante fiel da história do livro, desde a decadência de Lucy até à perseguição do Conde.
Assim sendo, gosto muito do livro, é uma obra fantástica, mas em termos de história, continuo a preferir o filme! Como é natural tendo visto primeiro e lido depois, fiquei muito colada, mesmo tentanto imaginar ao máximo baseada nas descrições do livro, ao aspecto dos actores do filme. Ora sendo no livro a história de amor central protagonizada por Mina/Harker e no filme por Mina/Drácula temos Reeves vs Oldman.... Pffff =P
Portanto neste remake do Livro vs Filme, continua a sair vencedor........ Quem, quem?
É isso mesmo!
Neste momento decorre a maratona Kubrick... I'll BE BACK!
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Pessoa - Contra Salazar
Uma pequena nota: não sabia que este livro existia e agora soube e quero-o MUITO! E JÁ!!! Vou ter de gastar dinheiro... Aiii a criseeee!!!!
Só um bocadinho, tão, tão à Pessoa:
Só um bocadinho, tão, tão à Pessoa:
COITADINHO DO TIRANINHO
Coitadinho
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho,
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade,
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné,
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
E ninguém sabe porquê.
Não bebe vinho,
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade,
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné,
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
E ninguém sabe porquê.
Fernando Pessoa
Boas Leituras!
Bosque de Sombras
Bosque de Sombras é um thriller nem bom nem mau... Dois casais ingleses vão passar férias numa aldeia espanhola onde, numa área reclusa, encontram uma criança prisioneira em condições precárias. Ao tentar ajudar a criança, vêem-se perseguidos pelos habitantes da aldeia e envolvidos em confrontos violentos.
Uma história bastante aceitável se não parecesse que pegaram num filme de 4 horas e o cortaram para ficar com 1h30, pois constantemente são apresentados pequenos mistérios (nas relações entre os casais, na história da aldeia ou dos habitantes...) que não fazem sentido ser mencionados a não ser para serem posteriormente aprofundados/explicados, e não o são, dando a sensação que faltam "partes" no filme.
Em suma, cumpre a sua função de gerar algum stress, mas deixa muito por explicar na história. Poderia ser um filme interessante dentro do género mas não chega a ser.... Vê-se...
quarta-feira, 4 de maio de 2011
A Clockwork Orange
A Clockwork Orange é o exemplo de que quando se faz bem, original e inovador não interessa se foi feito no ano passado ou há quarenta anos atrás!
É com vergonha que digo que apenas agora vi este filme (que está na origem da maratona que farei no próximo fim de semana: Stanley Kubrick) uma vez que oiço falar dele desde que me lembro de existir!
Nem sei por onde pegar para falar porque de facto é um experiência única e só mesmo vendo é possível perceber o que digo. Posso dizer que é a história de um jovem delinquente que é preso e se oferece para ser alvo de um programa experimental que tem o objectivo de recuperar criminosos tornando-os passíveis de ser reinseridos na sociedade em poucos dias... Mas não estaria a dizer nada!
Tudo se conjuga neste filme de uma forma que é impossivel de exprimir, a caracterização, os cenários, a banda sonora... Enfim, quem nunca viu, terá mesmo de ver para ter a experiência em primeira mão, que é a única forma de "receber" este filme.
Maratona Gary Oldman (em curso até ver todos!)
@Jameson Empire Awards - Icon Award (27/03/2011)
Com a súbita vontade de me "cultivar cinematograficamente", veio também a vontade de ver todos os filmes do Gary Oldman que é, para mim, o melhor actor de sempre.
Apesar de ter uma lista bastante variada de actores preferidos, que inclui Anthony Hopkins, Robert De Niro, Johnny Depp, Edward Norton, entre alguns (mas não muitos) outros, para mim, Gary Oldman destaca-se. Ainda não vi nenhuma má interpretação (aliás, são sempre muito boas), mesmo tendo em conta que alguns filmes são bastante fraquinhos e que é um actor que não está minimamente "preso" a um tipo de papel, correndo personagens com as mais variadas personalidades e interpretando cada uma delas de forma igualmente genial! Um verdadeiro camaleão a transbordar de talento! As más línguas (=P) chamam-me groupie, mas acho que o que eu vejo está à vista de todos, talvez falte apenas ver alguns títulos menos conhecidos para ter a confirmação.
Nesta "maratona", que só terminará quando não houver nenhum filme que eu não tenha ainda visto fora os que tenho de rever porque não me lembro bem, tenho apanhado um pouco de tudo e é impossível "generalizar", por isso aqui fica a lista (por data de estreia decrescente):
Red Riding Hood (2011): Um filme muito fraquinho (apesar de ter potencial, este não foi aproveitado) cujos pontos negativos são a história, a má qualidade dos actores mais novos e o lobo que não mete medo nem a uma criancinha e os pontos positivos são os cenários directamente saídos de um conto de fadas e os actores mais velhos (GO incluído) que estão muito bem.
Rain Fall (2009): Pessoalmente, apanhei uma enorme seca com este. Quando assim é, não vale a pena alongar muito mais.
The Unborn (2009): Um terror bastante básico, não traz nada de novo e não é particularmente assustador... Dá para as pipocas...
The Dark Knight (2008): Começo por dizer que não acho piada nenhuma a filmes de super heróis. Ainda assim, ADOREI este filme, está simplesmente espectacular. Obrigatório! Desde a história ao elenco, um filme de topo!
Harry Potter and The Order of the Phoenix (2007): Incluído na maratona Harry Potter...
Harry Potter and The Goblet of Fire (2005): Idem...
Harry Potter and The Prisoner of Azkaban (2004): Idem...
Basquiat (1996): Gostei bastante. É a biografia do artista, focando-se no período entre ter sido "descoberto" e a sua morte. Um elenco interessante e boas interpretações. Excepto a Courtney Love, merece logo menos uma estrela no IMDb por ter a Courtney Love! :P
The Scarlet Letter (1995): Quando vi a classificação no IMDb, fiquei muito "de pé atrás" mas, apesar de não fazer exactamente o meu género de filme sendo um drama romântico, gostei. Percebi posteriormente que a classificação baixa deverá estar relacionado com o facto de ser um péssima adaptação da obra literária em que é baseada. Como nunca li, acho interessante. Grandes interpretações de GO e Demi Moore!
Murder in the First (1995): Já tinha visto e tinha gostado e revi e continuei a gostar. A história do criminoso que vai para Alcatraz por ter roubado $5 onde sofre o mais revoltante "tratamento" possível às mãos de um director violento e inflexível.
Immortal Beloved (1994): Este, oficialmente, adorei! Uma história de ficção com uma base real: as cartas de Beethoven dirigidas à sua "Immortal Beloved", que na realidade nunca se chegou a apurar quem seria. O filme gira em volta desta busca pela misteriosa mulher e as lembranças que várias candidatas têm de Beethoven e das suas relações com ele. Recomendo!
Léon (1994): Genial! Entrada directa para o meu "top". Ide já a correr ver!
Dracula (1992): Revi pela "n-ésima" vez. É o meu filme preferido. Nada a dizer. Nem sei como pode existir quem ainda não tenha visto.
Rosencratz & Guildenstren Are Dead (1990):Outra entrada directa para o meu top. Não consigo perceber porque é que este filme não é mais conhecido. É genial! A intermitência entre uma realidade muito suspeita e uma peça em que as personagens não percebem qual o seu papel... Incrível! Mais um que TEM de ser visto! MESMO!
Chattahoochee (1989): Vi ontem, também pela primeira vez. A história de um veterano da guerra da coreia que é internado numa instituição para doentes psiquiátricos após uma tentativa de suicídio e verificando que não existe nesta qualquer tipo de tratamento para os pacientes a não ser a humilhação e a violência, fazendo de tudo, com a ajuda da irmã, para expor a situação. Gostei bastante. Uma interpretação brilhante de GO.
Prick Up Your Ears (1987): A história da vida de Joe Orton, argumentista inglês da década de 60, focando a sua relação com o parceiro Kenneth (e as muitas relações extra-conjugais), bem como o desenvolvimento das suas personalidades ao longo dos anos que culmina de forma violenta. Gostei muito e recomendo!
E pronto, encontro-me neste ponto, ainda com muuuuiiitooos títulos em lista de espera tanto para ver pela primeira vez como para rever por já terem sido vistos há muito tempo. Uma maratona que se prolongará por um bom tempo... Felizmente!
terça-feira, 3 de maio de 2011
Nil by Mouth
Ora aqui está um filme que teve entrada directa no meu top de preferidos de sempre. Nil by Mouth não é um filme para acompanhar com pipocas nem para passar uma agradável tarde de Domingo, é preciso ter noção de que o estômago vai dar muitas voltas durante os 128 minutos que se seguem a carregar no "play".
Esta primeira e, infelizmente, única experiência de Gary Oldman como realizador e argumentista é um retrato (semi)autobiográfico da classe trabalhadora de Londres assolada pelos vícios e violência.
São duas horas de pubs escuros povoados por gente infeliz que desculpa a violência com o álcool, casas em que tudo se sabe e tudo se tenta esconder, famílias possuídas pelo rancor e destruídas pela violência doméstica e as muitas formas que cada personagem tem, como indivíduo, de lidar com os seus problemas, fantasmas e meio envolvente.
Desde os delírios alcoólicos Ray (Ray Winstone) até à capacidade de absorver, sem perder a calma mas com profunda preocupação, a realidade de um filho toxicodependente e uma irmã vítima de violência doméstica de Janet (Laila Morse), tudo nos obriga a não tirar os olhos do ecrã mas com a constante sensação de querer fugir.
A forma como as cenas são filmadas e o som têm também um papel muito importante nas sensações que experimentamos ao ver o filme, uma vez que nos deixam com a constante sensação de estarmos inseridos no ambiente, como espectador, é certo, mas demasiado perto de uma realidade à qual preferimos "virar a cara" a maior parte do tempo.
Sem morais da história, sem explicações, sem culpabilizações externas pelas situações em que as personagens se encontram, sem justificações e como é óbvio e real, sem "happily ever after".
Em suma, um muito pouco conhecido "must see", com uma linguagem imprópria para sensíveis e uma história (ou um capítulo de muitas histórias) sem príncipes encantados nem fadas madrinhas, só realidade crua e visceral. Recomendo vivamente!
Vincent & Theo
Já não sei a que propósito me "cruzei" com Vincent & Theo, mas ainda bem que aconteceu!
Retrata a história dos irmão Theodore e Vincent Van Gogh, o primeiro negociante de arte e o segundo, seu irmão mais velho, dispensa apresentações.
Gostei muito do filme, especialmente em "termos sensoriais", o som e a cor são muito marcantes e exprimem fielmente o que se pretende transmitir na história, na minha opinião.
Um desempenho brilhante de Tim Roth no papel de Vincent Van Gogh, conseguindo retratar todas as facetas emocionais do pintor de forma absolutamente convincente, desde a mais doce à mais desequilibrada.
Tratando-se de um filme de carácter biográfico, naturalmente conhecemos o final da história, mas não deixamos, por essa razão, de encarar com sofrimento, à medida que lhe vamos assistindo, a decadência e consequente morte dos irmãos Van Gogh.
Recomendo vivamente!
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Maratona Scorsese
Depois de Taxi Driver e a conselho de um amigo, veio uma maratona que deixa qualquer um satisfeito!
Estes seis filmes, devorados no espaço de dois dias, foram cerca de dez horas de entertenimento de grande qualidade...
Comecei com o The Departed, que para mim tem dois grandes defeitos: um dá pelo nome de Matt Damon e outro de Leonardo Di Caprio (não, não gosto, não acho que seja brilhante e muito menos o melhor actor da geração dele!), no entanto gostei bastante da história, da acção e, sobretudo, do final.
Seguiu-se o The Last Temptation of Christ, do qual também gostei bastante: uma versão alternativa de uma história contada há dois mil anos por muitos mas nunca, pelo menos oficialmente, por quem a terá vivido na primeira pessoa (assumindo que existiu). Nunca li o romance no qual o filme é baseado, no entanto fiquei bastante curiosa depois de ver a adaptação cinematográfica.
Para não perder o ritmo, seguiu-se o Raging Bull, que tem logo à partida, um trunfo na manga: a dupla De Niro / Pesci. Partindo logo com as expectativas elevadas, o filme não desilude minimamente. Excelentes interpretações, muito emotivas, de personagens cujo principal traço de personalidade é precisamente a dificuldade e lidar correctamente com as emoções ou mesmo compreendê-las. Retrata a ascenção e posterior decadência de um boxeur que encaixa totalmente no estereótipo que tantas vezes temos assistido em casos reais: personalidade violenta, mesmo fora dos ringues, controladora e descontrolada. Muito bom mesmo!
Atingido o meio da maratona, chegou Casino... E a este não resisto! Mais uma vez a dupla referida em Raging Bull e interpretando papéis que lhes assentam como uma luva! Pesci na pele do mafioso de baixo calibre com temperamento instável e De Niro tentando gerir um negócio de aparência polida mas com um pano de fundo corrupto. Sharon Stone também muito bem no papel de "trophy wife" inteligente e sofisticada mas que não consegue fugir a um passado de baixo nível, perdendo-se eventualmente no alcoolismo e abuso de drogas. A-D-O-R-E-I!
Chegando á recta final foi a vez de Gangs of New York, que apesar de ter também o "problema" Di Caprio, está muito bom... Não estando muito habituada a ouvir falar em história dos EUA, achei extremamente interessante a abordagem da época retratada (que, segundo investiguei, tem algumas bases de verdade).
Por fim foi a vez de Mean Streets. Mais uma interpretação fabulosa de De Niro, numa personagem quase "non-sense" que ao longo do filme todo, nunca consegui perceber se simpatizava, tinha pena, odiava ou temia... É criado um ambiente de grande stress, agravado pela descontracção ou abstracção intermitente de quem gera o problema, pelo grau de responsabilidade de quem tenta ajudar (fracassando) e de impaciência de quem pressiona. Gostei também MUITO!
E por hoje terá de ser tudo! Ficam prometidos ainda os posts sobre Vincent and Theo, Nil By Mouth, A Clockwork Orange e a Maratona Gary Oldman!
Estes seis filmes, devorados no espaço de dois dias, foram cerca de dez horas de entertenimento de grande qualidade...
Comecei com o The Departed, que para mim tem dois grandes defeitos: um dá pelo nome de Matt Damon e outro de Leonardo Di Caprio (não, não gosto, não acho que seja brilhante e muito menos o melhor actor da geração dele!), no entanto gostei bastante da história, da acção e, sobretudo, do final.
Seguiu-se o The Last Temptation of Christ, do qual também gostei bastante: uma versão alternativa de uma história contada há dois mil anos por muitos mas nunca, pelo menos oficialmente, por quem a terá vivido na primeira pessoa (assumindo que existiu). Nunca li o romance no qual o filme é baseado, no entanto fiquei bastante curiosa depois de ver a adaptação cinematográfica.
Para não perder o ritmo, seguiu-se o Raging Bull, que tem logo à partida, um trunfo na manga: a dupla De Niro / Pesci. Partindo logo com as expectativas elevadas, o filme não desilude minimamente. Excelentes interpretações, muito emotivas, de personagens cujo principal traço de personalidade é precisamente a dificuldade e lidar correctamente com as emoções ou mesmo compreendê-las. Retrata a ascenção e posterior decadência de um boxeur que encaixa totalmente no estereótipo que tantas vezes temos assistido em casos reais: personalidade violenta, mesmo fora dos ringues, controladora e descontrolada. Muito bom mesmo!
Atingido o meio da maratona, chegou Casino... E a este não resisto! Mais uma vez a dupla referida em Raging Bull e interpretando papéis que lhes assentam como uma luva! Pesci na pele do mafioso de baixo calibre com temperamento instável e De Niro tentando gerir um negócio de aparência polida mas com um pano de fundo corrupto. Sharon Stone também muito bem no papel de "trophy wife" inteligente e sofisticada mas que não consegue fugir a um passado de baixo nível, perdendo-se eventualmente no alcoolismo e abuso de drogas. A-D-O-R-E-I!
Chegando á recta final foi a vez de Gangs of New York, que apesar de ter também o "problema" Di Caprio, está muito bom... Não estando muito habituada a ouvir falar em história dos EUA, achei extremamente interessante a abordagem da época retratada (que, segundo investiguei, tem algumas bases de verdade).
Por fim foi a vez de Mean Streets. Mais uma interpretação fabulosa de De Niro, numa personagem quase "non-sense" que ao longo do filme todo, nunca consegui perceber se simpatizava, tinha pena, odiava ou temia... É criado um ambiente de grande stress, agravado pela descontracção ou abstracção intermitente de quem gera o problema, pelo grau de responsabilidade de quem tenta ajudar (fracassando) e de impaciência de quem pressiona. Gostei também MUITO!
E por hoje terá de ser tudo! Ficam prometidos ainda os posts sobre Vincent and Theo, Nil By Mouth, A Clockwork Orange e a Maratona Gary Oldman!
O Senhor dos Anéis
Mais uma saga que revi nas últimas semanas, e mais uma adaptação para o cinema que não faz justiça ao livro.
Peca em muitas das mesmas situações que o Harry Potter, trazendo para primeiro plano personagens que pouco aparecem e retirando totalmente pedaços muito interessantes da história, tornando-a incrivelmente mais pobre nos filmes.
Não deixam, no entanto, de ser filmes muito agradáveis e emocionantes, bons para passar uma tarde a vibrar em frente à televisão. Brilhante em termos de efeitos especiais e caracterização, com paisagens estonteantes e ambientes dignos dos que se imaginam ao ler os livros.
Resumindo, são uma desilusão para quem leu, sem dúvida, mas vale a pena ver de qualquer forma, pois em poucos filmes se vêem ambientes imaginários tão bem recriados no ecrã.
Harry Potter ("O" vício)
(Nota: A escolha da imagem é pura coincidência. :P)
Ora aqui está uma saga que me deixa muito dividida... É uma PÉSSIMA adaptação, deixa frequentemente para segundo plano personagens e acontecimentos fundamentais, dando-lhes mais tarde a importância que deveria ter sido criada ao longo da história sem que se perceba porquê. Ficam também muitos espaços por preencher na história que, quem não a conheça através dos livros, entenderá como algo que ficou esquecido ou por explicar, o que, na minha opinião, é um insulto à J. K. Rowling que parece não escrever uma palavra sem a pensar e repensar até à exaustão, nunca deixando uma única ponta solta em toda a história!
Por outro lado, o vício é grande, a empatia criada com os actores ao longo dos anos também, a curiosidade de ver como fica no ecrã aquilo que imaginamos quando lemos, ainda maior e, por mais que eu pareça uma velha a protestar o tempo todo contra as falhas dos filmes em relação aos livros, a verdade é que não lhes resisto! Vejo e revejo e anseio pelo próximo (que desta feita, será o último).
Mal ou bem adaptado, uma coisa é certa, os actores, tanto os adultos como as crianças (agora já não...), são fantásticos e adequam-se a 100% àquilo que é esperado das personagens. Há ainda uma particularidade que para mim foi especialmente interessante: a minha personagem preferida é o Sirius Black (com tatuagem a comprovar :P) e, naturalmente, assim que saíu o primeiro filme comecei a questionar-me quem representaria esta personagem quando chegasse a altura. Por outro lado, o meu actor preferido é o Gary Oldman (já estão a ver onde vou chegar XD) e como tal, ainda por cima cumprindo o requisito de ser inglês, estive o tempo todo a "fazer figas", embora sem nunca acreditar muito, uma vez que as idades não coincidiam... Então e o que é que sucede quando é anunciado, finalmente, o elenco d'O Prisioneiro de Azkaban??? PIMBA! O meu actor preferido a interpretar a minha personagem preferida! Acabou qualquer hipótese de imparcialidade da minha parte em relação a esta saga!
Em suma, revolto-me sempre, mas adoro, não posso esperar por Julho para que saia o último e recomendo vivamente!
Saga Twilight ou "mas que raio...?!"
Então, comecemos por aqui! Para o bem ou para o mal, foi o que me desencadeou o frenesim de ver filmes todos os dias.
Após grande insistência de uma amiga, resolvi dar uma hipótese e como não sou pessoa de deixar as coisas a meio, foi logo a saga toda...
Começou por ser bastante cómico mas rapidamente passou a ser apenas aborrecido... Nunca li os livros, nem tenciono fazê-lo, reconhecendo no entanto que os filmes podem ser uma má adaptação e que na verdade nunca vou ficar a saber se a história é ou não interessante. Azar (ou sorte?) o meu ter começado pelos filmes.
Nos filmes, são completamente destruídos dois dos tipos de monstros mais explorados pela ficção e mais temidos dos folclores de muitos países: os vampiros e os lobisomens. Temos vampiros que são incrivelmente belos (dentro do padrão morangos com açúcar, que infelizmente não é o meu, senão até podia ter gostado só pela vista) e brilham ao sol (HÃ?? Não é "hã", é BRILHAM!!!) e lobisomens que são nativos americanos com abdominais desenvolvidos que depois de transformados ficam com o aspecto de lobos gigantes fofinhos... É... Basicamente é isto... E depois andam na escola e há uma personagem feminina que existe apenas para estar apaixonada pelo vampiro (ora, se me irritaram as personagens femininas espectaculares mas com personalidades fracas do Tolstói, podem imaginar como me irrita esta que em cima disso, ainda é mesmo muito fraquinha, pelo menos no filme)...
E basicamente é isto.... Um grande "NO-NO", para mim... Recomendo vivamente que, se escaparam até agora, permaneçam na ignorância! Twilight? Naaa, para mim é mais lusco-fusco, 5-7 minutos, mas muito intensos!
AVISO....
Vem aí uma avalanche.... Como já tinha dito, descobri a minha veia cinéfila e vai daí que me tenho estado a empanturrar de filmes assim como quem vai morrer lá para o Verão e tem de ver tudo o aquilo que não se pode morrer sem ver... Vou tentar agrupar o mais possível as minhas maratonas, mas ainda assim, não vai ser fácil... Preparem-se para uma senhora seca, ou mudem já de página!
Quem te avisa, teu amigo é!
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