Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.
E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.
Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.
Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.
Fernando Pessoa, Cancioneiro
Como não tenho nada para dizer, deixei o Fernando Pessoa hoje falar por mim. Na verdade não chove nem é dia de Natal, mas abafei uma gargalhada tal ao ler este poema que não resisti a partilhá-lo. Adoro este misto de graça e depressão que só o Pessoa consegue! Espero que gostem...
Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Just Breathe
Andei mais de um ano a implicar com esta música, mesmo depois de começar a aceitar o Backspacer como o álbum espectacular que é (por acaso agora transcende-me o porquê de ter resistido tanto ao álbum, penso que foi também por causa da Just Breathe) continuei a "detestar" a música... Não será bem detestar, mas irritava-me, pronto! Não parecia Pearl Jam mas sim Eddie Vedder a solo que, do fundinho do meu coração, até sou capaz de ouvir se estiver para aí virada mas não é MESMO "a minha cena"...
Com o passar do tempo e a preguiça para tirar o telemóvel do bolso e passar a música à frente quando ouvia o Backspacer, acabei por ir notando pequenos detalhes, pormenores que me escaparam quando inicialmente a rotulei como "não Pearl Jam"...
Não sei bem precisar a que me refiro, são pequenas coisas que passaram de não existentes, porque me recusava a ouvir sequer a música decentemente, àquilo que me arrepia... As falhas na voz do Eddie (falhas é uma forma de dizer, o Senhor não tem falhas!), a maturidade do baixo e o equilíbrio da letra são o que depois de tanto tempo me fez perceber que estão ali os Pearl Jam, não os Pearl Jam de 1990 mas os de hoje, os que não têm só revoltas e ideais, têm também uma história!
Se é a minha música preferida de Pearl Jam? Não. Nem a música que para mim melhor representa Pearl Jam, nem a letra que mais me toca. Se compreendo onde se insere na carreira dos Pearl Jam? Sim, agora sim.
Partilho a versão original que é a que costumo ouvir... Se forem mesmo ao youtube têm a letra na descrição do vídeo... Enjoy!
Com o passar do tempo e a preguiça para tirar o telemóvel do bolso e passar a música à frente quando ouvia o Backspacer, acabei por ir notando pequenos detalhes, pormenores que me escaparam quando inicialmente a rotulei como "não Pearl Jam"...
Não sei bem precisar a que me refiro, são pequenas coisas que passaram de não existentes, porque me recusava a ouvir sequer a música decentemente, àquilo que me arrepia... As falhas na voz do Eddie (falhas é uma forma de dizer, o Senhor não tem falhas!), a maturidade do baixo e o equilíbrio da letra são o que depois de tanto tempo me fez perceber que estão ali os Pearl Jam, não os Pearl Jam de 1990 mas os de hoje, os que não têm só revoltas e ideais, têm também uma história!
Se é a minha música preferida de Pearl Jam? Não. Nem a música que para mim melhor representa Pearl Jam, nem a letra que mais me toca. Se compreendo onde se insere na carreira dos Pearl Jam? Sim, agora sim.
Partilho a versão original que é a que costumo ouvir... Se forem mesmo ao youtube têm a letra na descrição do vídeo... Enjoy!
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Direito a tudo...
Eu tenho dias em que acordo um bocadinho implicativa, principalmente se se tratar de uma segunda feira logo a seguir ao Gary Oldman não ter ganho o coiso... (Só para avisar que dou aqui por encerrada toda e qualquer conversação acerca dos coisos neste blogue.)
Então reza assim: ao que parece, na instituição onde trabalho, há muitos, muitos anos, e sabe-se lá com que direcção, houve uma qualquer circular interna (ou boato?!) que estabelecia que os ordenados eram pagos a dia 27 de cada mês... Há quem diga "até", há quem dia "a partir de", na verdade, parece que ninguém sabe ao certo... Porquê? Porque tal como com tudo o que é estabelecido de forma informal, não houve grande preocupação em guardar registo, pois todos sabemos que, mesmo que o houvesse, de pouco ou nada valia.
Estabeleceu-se também, novamente de forma informal, que não era dada muita atenção às faltas, sendo que no fim do ano toda a gente teria os belos dos 25 dias de férias para gozar, quer tivesse faltado ou não durante o ano anterior.
Ainda informalmente, a instituição decidiu que ofereceria o dia de aniversário aos seus colaboradores.
Não é novidade para ninguém, pelo menos na posição de colaborador, que a crise também a nós nos está a afectar, quanto mais não seja pelos cortes a nível de pessoal que foram feitos ao longo do ano passado. Note-se que o que eu acabei de dizer é que, ao longo do ano de 2011, houve gente a ficar efectivamente SEM emprego, colegas nossos, com quem convivíamos, alguns deles, numa base diária.
Então na sequência de estarmos a ser afectados pela crise, os dias de férias passaram a ser considerados conforme definido na lei do trabalho, o dia de aniversário, não temos até agora confirmação se o vamos ter e os pagamentos são agora feitos mais perto do final do mês, eventualmente mesmo no último dia útil deste (O HORROR!).
Aparentemente, estas alterações estão a provocar um profundo sentimento de revolta nos colaboradores que têm DIREITO a receber a dia 26, a ter o dia de aniversário e a ter 25 dias de férias, independentemente de tudo o resto.
Notícias de última hora: NÃO, NÃO TÊM!!! Têm, neste momento, muita sorte por não ter os postos de trabalho em causa e por receberem, como definido na lei do trabalho, até ao último dia útil do mês. Algo que é feito, com boa vontade, em vosso favor não se torna, por mais que se repita durante muito tempo, numa obrigação! Aprendam isto para que essa indignação toda possa ser canalizada para os assuntos certos.
Eu detesto conformismo, mas pior do que conformar-se facilmente é indignar-se indiscriminadamente, faz-nos perder a razão, faz com que quando queremos lutar por algo a que efectivamente temos direito, já sejamos encarados como aqueles que protestam por tudo e por nada e com que não sejamos ouvidos com a atenção necessária a que o nosso problema seja considerado e avaliado da melhor forma.
Protestarmos contra tudo pode resultar em que fiquemos nós roucos e quem nos deve ouvir surdo antes de chegarmos ao momento em que realmente temos razão para protestar. É isto.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Sobre os encontros em massa...
Tenho neste momento a minha caixa de entrada carregadinha de emails que dizem respeito à marcação de um jantar de curso ou de ano ou do raio que o parta...
Eu sei que não sou um exemplo típico, porque o meu curso tem mais de 200 pessoas por ano, porque não fiz o curso sempre com "o mesmo ano", por isso junta ainda mais gente e porque não sou uma pessoa particularmente sociável (apesar da universidade ter sido um dos meus picos de sociabilidade), mas a verdade é que não conheço, à vontade, oitenta porcento dos nomes constantes daquela lista e dos que conheço, poucos são aqueles com quem, efectivamente, gostaria de jantar.
Será que sou só eu que não vejo grande sentido em juntar-me com uma cambada de estranhos por razão nenhuma em particular? Ou será que é só para mim que uma situação destas se reflecte numa reunião de estranhos?
Considerei o secundário muito mais marcante nesse aspecto e, apesar de reconhecer que, hoje em dia, seríamos também desconhecidos uns para os outros (pelo menos a maioria), em tempos, fizemos todos (ou quase) parte das vidas uns dos outros. Na faculdade não, constantemente me esqueço de nomes e mesmo caras de elementos dos meus grupos de trabalho de semestre inteiros! Há um número tão grande de pessoas que "não sei bem se conheço ou se só conheço a cara" que um jantar destes ia ser recheado de situações embaraçosas de nunca ter a certeza se era suposto falar ou se falar deixaria a pessoa a pensar qualquer coisa como "Olha esta, em tantos anos de curso nunca falou e agora já me conhece"... São estas situações que me fazem concluir que estas pessoas nunca fizeram, realmente, parte da minha vida.
Claro que há também um pequeno grupo da faculdade que me foi muito próximo, que gostaria de ver e do qual tenho imensas saudades, mas se num jantar de secundário, esse grupo representa metade da mesa, num jantar de curso, representa meia dúzia de gatos pingados perdidos no meio de uma multidão...
Tenho é de me deixar de preguiças e sentar a meia dúzia de gatos pingados à minha mesa em volta de uns petiscos e umas minis e com um jogo de futebol a dar na televisão, como nos bons velhos tempos! A ver se esta coisa do jantar a que não vou serve, pelo menos, para me espicaçar nesse sentido...
Eu sei que não sou um exemplo típico, porque o meu curso tem mais de 200 pessoas por ano, porque não fiz o curso sempre com "o mesmo ano", por isso junta ainda mais gente e porque não sou uma pessoa particularmente sociável (apesar da universidade ter sido um dos meus picos de sociabilidade), mas a verdade é que não conheço, à vontade, oitenta porcento dos nomes constantes daquela lista e dos que conheço, poucos são aqueles com quem, efectivamente, gostaria de jantar.
Será que sou só eu que não vejo grande sentido em juntar-me com uma cambada de estranhos por razão nenhuma em particular? Ou será que é só para mim que uma situação destas se reflecte numa reunião de estranhos?
Considerei o secundário muito mais marcante nesse aspecto e, apesar de reconhecer que, hoje em dia, seríamos também desconhecidos uns para os outros (pelo menos a maioria), em tempos, fizemos todos (ou quase) parte das vidas uns dos outros. Na faculdade não, constantemente me esqueço de nomes e mesmo caras de elementos dos meus grupos de trabalho de semestre inteiros! Há um número tão grande de pessoas que "não sei bem se conheço ou se só conheço a cara" que um jantar destes ia ser recheado de situações embaraçosas de nunca ter a certeza se era suposto falar ou se falar deixaria a pessoa a pensar qualquer coisa como "Olha esta, em tantos anos de curso nunca falou e agora já me conhece"... São estas situações que me fazem concluir que estas pessoas nunca fizeram, realmente, parte da minha vida.
Claro que há também um pequeno grupo da faculdade que me foi muito próximo, que gostaria de ver e do qual tenho imensas saudades, mas se num jantar de secundário, esse grupo representa metade da mesa, num jantar de curso, representa meia dúzia de gatos pingados perdidos no meio de uma multidão...
Tenho é de me deixar de preguiças e sentar a meia dúzia de gatos pingados à minha mesa em volta de uns petiscos e umas minis e com um jogo de futebol a dar na televisão, como nos bons velhos tempos! A ver se esta coisa do jantar a que não vou serve, pelo menos, para me espicaçar nesse sentido...
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
E depois é porque há psicopatas...
Diálogo da manhã:
- Nesta tabela, o que é estabelecimento?
- É o nome do estabelecimento.
- Então e o que é negócio?
- É a descrição do negócio.
- Ah... E actividade?
- É o tipo de actividade em que o negócio se insere.
- Ah... Então temos três campos para a mesma coisa??
E nesta altura, o que se passa na minha cabeça:
O que se passa na realidade:
- Não, temos três campos para três coisas diferentes: o nome do negócio, a descrição e o tipo de actividade.
- Então mas qual é a diferença entre o negócio e a actividade?
- É que, por exemplo, o tipo de actividade "Restauração" inclui negócios como: restaurante, restaurante vegetariano, café, snack-bar... Estou a fazer-me entender??
- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH..........................
Nota mental: usar exemplos na comunicação com pessoas extremamente limitadas. Já aprendi uma coisa hoje!
Bons filmes e boas leituras!
- Nesta tabela, o que é estabelecimento?
- É o nome do estabelecimento.
- Então e o que é negócio?
- É a descrição do negócio.
- Ah... E actividade?
- É o tipo de actividade em que o negócio se insere.
- Ah... Então temos três campos para a mesma coisa??
E nesta altura, o que se passa na minha cabeça:
O que se passa na realidade:
- Não, temos três campos para três coisas diferentes: o nome do negócio, a descrição e o tipo de actividade.
- Então mas qual é a diferença entre o negócio e a actividade?
- É que, por exemplo, o tipo de actividade "Restauração" inclui negócios como: restaurante, restaurante vegetariano, café, snack-bar... Estou a fazer-me entender??
- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH..........................
Nota mental: usar exemplos na comunicação com pessoas extremamente limitadas. Já aprendi uma coisa hoje!
Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Não Choreis os Mortos
Não choreis nunca os mortos esquecidos
Na funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.
E quando, à tarde, o Sol, entre brasidos,
Agonizar... guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem, nudos e vencidos.
Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.
E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.
Pedro Homem de Mello, Caravela ao Mar
Na funda escuridão das sepulturas.
Deixai crescer, à solta, as ervas duras
Sobre os seus corpos vãos adormecidos.
E quando, à tarde, o Sol, entre brasidos,
Agonizar... guardai, longe, as doçuras
Das vossas orações, calmas e puras,
Para os que vivem, nudos e vencidos.
Lembrai-vos dos aflitos, dos cativos,
Da multidão sem fim dos que são vivos,
Dos tristes que não podem esquecer.
E, ao meditar, então, na paz da Morte,
Vereis, talvez, como é suave a sorte
Daqueles que deixaram de sofrer.
Pedro Homem de Mello, Caravela ao Mar
Tão simples e tão certo... Às vezes custa, umas mais que outras, mas no fim, acaba por ser sempre verdade.
Bons filmes e boas leituras!
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Ai Fiódor, sabes tanto!
Porque é que os corpos dentro dos seus caixões são tão pesados ? Ele dizem que é devido a algum tipo de inércia, que o corpo já não é mais dirigido pelo seu dono... ou alguma tolice desse tipo, em oposição às leis da mecânica e do senso comum. Eu não gosto de ouvir pessoas que não têm mais que uma educação geral aventurarem-se a resolver problemas que requerem um conhecimento especial; e connosco isso acontece continuamente. Os cidadãos gostam muito de dar opiniões sobre assuntos que são do foro do soldado ou até mesmo do marechal de campo; enquanto homens que foram educados como engenheiros preferem discutir filosofia e economia política.
Fiódor Dostoiévski, in Bobok
Fiódor Dostoiévski, in Bobok
Mas como? Como é que este homem é tão genial? O que ele descreve aqui, penso eu, é um pecado que todos cometemos... Só que não falta hoje em dia quem faça disso vida, e é aí que começa realmente a fazer confusão. Adorei este excerto e tenho MESMO de ver se encontro este conto!
Bons filmes e boas leituras!
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Não gostas se eu deixar!
Aconteceu um fenómeno que me fascinou: este post e toda a reacção que se deu em função do mesmo...
Primeiro, vamos lá ver... Há uma rapariga que tem um blogue chamado "Não Gosto" cujo subtítulo é "Todos os dias acontecem coisas que me irritam.". Até aqui tudo bem, certo? Não é preciso ser brilhante para concluir que, neste blogue em que a autora pode escrever o que bem entender, ela vai escrever acerca de "coisas" que não gosta... Que a irritam, pronto! PENSO EU, que não é difícil tirar esta conclusão e, caso não queiramos ler nada que vá expressar desagrado, imediatamente devamos prosseguir para a visualização de uma página diferente, ignorando esta. Até aqui, nada de transcendente.
Verdade é também que estamos no nosso direito, sendo que a dita rapariga dá a sua opinião publicamente e permite comentários às suas publicações, se quisermos ler e expressar a nossa opinião sobre o que ela escreve.
O que me faz confusão no meio disto tudo é como tanta gente interpreta este direito como algo selectivo... Passo a explicar: dezenas de comentadores usufruem do seu direito de expressão, para opinar sobre a publicação em causa, no sentido de criticar a autora por ter usufruído do mesmo direito ao tê-la escrito.
Ao que parece, é absolutamente legítimo insultar a autora utilizando todos os nomes do dicionário (e um número avultado deles que nem neste constam) pela simples razão da mesma ter escrito, num blogue que criou com esse objectivo e que é impossível passar por outro tipo qualquer de blogue, que não gostava de determinada figura pública.
O argumento da autora para não gostar desta figura pública é, muito resumidamente (caso não tenham lido o post que linkei logo no início), "a fama ter-lhe subido à cabeça" e o seu trabalho se ter tornado enfadonho, principalmente por repetição de determinado tema. Nada de novo, nada de sobejamente ofensivo, poderia ter ficado perdido para sempre na blogosfera...
MAS NÃO! Porquê? Porque a dita figura pública (chamemos-lhe NM), lá deve ter sentido a forte cacetada desferida sem dó nem piedade (nem, em boa verdade, grande atenção) no seu calcanhar de Aquiles... Aquele, que já não se deve encontrar muito robusto, pois nem só de recuperação de objectos da nossa infância e de pesquisa de histórias incríveis na internet vivem anos e anos de "fama", ficou tão dorido que não não foi possível a NM levantar o queixo e continuar a andar...
Que fez então o NM? Sentou-se no chão agarrado ao calcanhar, fazendo uma birra enorme e recusando-se a seguir em frente, e pegou no seu apito ultrassónico para chamar a sua matilha de fãs raivosos que atacassem a incauta agressora! É mais ou menos isso: publicou o post no seu Facebook!!!
A parte engraçada disto tudo é que a autora do blogue viu subir vertiginosamente o número de visitas graças à indignada matilha!
Inicialmente ainda se deu ao trabalho de atirar uns biscoitos (de borracha, só para enfurecer mais as bestas) e caiu no erro, livre-nos o nosso fado de nos suceder o mesmo, de usar um insulto infantil a uma característica da fisionomia da estimada esposa deste NM, acerca da qual, quem o segue, tem de ouvir dia sim, dia sim.... E pronto, após este momento ser atirada aos cães já não chegou... Exige-se a crucificação, o líder todo-poderoso vem, ele próprio, do alto do seu pedestal de figura pública (tão, tão frágil), chamar sabe-se lá o quê (lembro-me de horrível...) à autora do blogue!
Enfim.... No meio disto tudo, descobri que há tanta, mas tanta gente que nunca se refere a ninguém em termos jocosos que possam ter um leve teor insultuoso, que gosta sempre de tudo, que considera que não gostar de alguma coisa ou alguém é ser frustrado e não ter vida e também que a todos nos devia fazer felizes alguém que constantemente fala na família publicamente! Principalmente, tenho eu para mim, se essa pessoa for famosa e se puder seguir a sua vida como se de uma novela se tratasse... Mas isso sou que digo, que sou má língua...
Já uma vez apresentei esta sugestão às "bloggers-cor-de-rosa" que escarrapacham a vidinha inteira na internet e depois se queixam de "perseguição" e aproveito agora para a apresentar ao NM: sabes o que é que dá um JEITÃO se não gostas de ver a tua vida nas bocas do mundo? Um diário e discrição!
Primeiro, vamos lá ver... Há uma rapariga que tem um blogue chamado "Não Gosto" cujo subtítulo é "Todos os dias acontecem coisas que me irritam.". Até aqui tudo bem, certo? Não é preciso ser brilhante para concluir que, neste blogue em que a autora pode escrever o que bem entender, ela vai escrever acerca de "coisas" que não gosta... Que a irritam, pronto! PENSO EU, que não é difícil tirar esta conclusão e, caso não queiramos ler nada que vá expressar desagrado, imediatamente devamos prosseguir para a visualização de uma página diferente, ignorando esta. Até aqui, nada de transcendente.
Verdade é também que estamos no nosso direito, sendo que a dita rapariga dá a sua opinião publicamente e permite comentários às suas publicações, se quisermos ler e expressar a nossa opinião sobre o que ela escreve.
O que me faz confusão no meio disto tudo é como tanta gente interpreta este direito como algo selectivo... Passo a explicar: dezenas de comentadores usufruem do seu direito de expressão, para opinar sobre a publicação em causa, no sentido de criticar a autora por ter usufruído do mesmo direito ao tê-la escrito.
Ao que parece, é absolutamente legítimo insultar a autora utilizando todos os nomes do dicionário (e um número avultado deles que nem neste constam) pela simples razão da mesma ter escrito, num blogue que criou com esse objectivo e que é impossível passar por outro tipo qualquer de blogue, que não gostava de determinada figura pública.
O argumento da autora para não gostar desta figura pública é, muito resumidamente (caso não tenham lido o post que linkei logo no início), "a fama ter-lhe subido à cabeça" e o seu trabalho se ter tornado enfadonho, principalmente por repetição de determinado tema. Nada de novo, nada de sobejamente ofensivo, poderia ter ficado perdido para sempre na blogosfera...
MAS NÃO! Porquê? Porque a dita figura pública (chamemos-lhe NM), lá deve ter sentido a forte cacetada desferida sem dó nem piedade (nem, em boa verdade, grande atenção) no seu calcanhar de Aquiles... Aquele, que já não se deve encontrar muito robusto, pois nem só de recuperação de objectos da nossa infância e de pesquisa de histórias incríveis na internet vivem anos e anos de "fama", ficou tão dorido que não não foi possível a NM levantar o queixo e continuar a andar...
Que fez então o NM? Sentou-se no chão agarrado ao calcanhar, fazendo uma birra enorme e recusando-se a seguir em frente, e pegou no seu apito ultrassónico para chamar a sua matilha de fãs raivosos que atacassem a incauta agressora! É mais ou menos isso: publicou o post no seu Facebook!!!
Fonte: http://familyguy.wikia.com/ |
A parte engraçada disto tudo é que a autora do blogue viu subir vertiginosamente o número de visitas graças à indignada matilha!
Inicialmente ainda se deu ao trabalho de atirar uns biscoitos (de borracha, só para enfurecer mais as bestas) e caiu no erro, livre-nos o nosso fado de nos suceder o mesmo, de usar um insulto infantil a uma característica da fisionomia da estimada esposa deste NM, acerca da qual, quem o segue, tem de ouvir dia sim, dia sim.... E pronto, após este momento ser atirada aos cães já não chegou... Exige-se a crucificação, o líder todo-poderoso vem, ele próprio, do alto do seu pedestal de figura pública (tão, tão frágil), chamar sabe-se lá o quê (lembro-me de horrível...) à autora do blogue!
Enfim.... No meio disto tudo, descobri que há tanta, mas tanta gente que nunca se refere a ninguém em termos jocosos que possam ter um leve teor insultuoso, que gosta sempre de tudo, que considera que não gostar de alguma coisa ou alguém é ser frustrado e não ter vida e também que a todos nos devia fazer felizes alguém que constantemente fala na família publicamente! Principalmente, tenho eu para mim, se essa pessoa for famosa e se puder seguir a sua vida como se de uma novela se tratasse... Mas isso sou que digo, que sou má língua...
Já uma vez apresentei esta sugestão às "bloggers-cor-de-rosa" que escarrapacham a vidinha inteira na internet e depois se queixam de "perseguição" e aproveito agora para a apresentar ao NM: sabes o que é que dá um JEITÃO se não gostas de ver a tua vida nas bocas do mundo? Um diário e discrição!
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
As saudades curtas
Também as versões-formiga dos maiores sentimentos têm tanto direito ao respeito como os leões e as impalas. Até por serem muito mais numerosas e frequentes, como está a multidão de insectos para com a pequena minoria dos vertebrados.
A minha formiguinha emocional são as saudades curtas que eu tenho da Maria João. Plenas não posso ter, graças a ela e a Deus, porque são poucos os momentos em que ela não está comigo. Mesmo não sendo muitas, essas faltas, por muito felizmente pequenas e provocadas pela necessidade, são suficientes para incutir em mim a dor, nem que seja por cinco minutos apenas, de estar separado dela.
Parecem estúpidas as saudades curtas. São certamente insensíveis e solipsistas, perante as saudades longas e profundas, que não têm cura nem, por serem insolúveis, têm a esperança de, um dia, deixarem de existir.
São saudades de uma hora, de um almoço perdido, de uma tarde interrompida. Parecem irracionais e ingratas, estas saudades curtas, de que sofrem as pessoas apaixonadas e felizes ou infelizes.
Mas não são. Daqui a um X número de horas, vou morrer. Daqui a um Y número de horas, vai morrer a Maria João. Morra quem morra, com a maior ou mais pequena das antecedências, o certo é que o tempo da vida e da saudade está contado.
Cada hora que não estou com ela está para sempre, definitivamente, finitamente perdida. E é daí que vêm as saudades curtas do amor, que tomam cada momento por uma vida. Só por amor se vive assim.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (18 Jun 2011)'
A minha formiguinha emocional são as saudades curtas que eu tenho da Maria João. Plenas não posso ter, graças a ela e a Deus, porque são poucos os momentos em que ela não está comigo. Mesmo não sendo muitas, essas faltas, por muito felizmente pequenas e provocadas pela necessidade, são suficientes para incutir em mim a dor, nem que seja por cinco minutos apenas, de estar separado dela.
Parecem estúpidas as saudades curtas. São certamente insensíveis e solipsistas, perante as saudades longas e profundas, que não têm cura nem, por serem insolúveis, têm a esperança de, um dia, deixarem de existir.
São saudades de uma hora, de um almoço perdido, de uma tarde interrompida. Parecem irracionais e ingratas, estas saudades curtas, de que sofrem as pessoas apaixonadas e felizes ou infelizes.
Mas não são. Daqui a um X número de horas, vou morrer. Daqui a um Y número de horas, vai morrer a Maria João. Morra quem morra, com a maior ou mais pequena das antecedências, o certo é que o tempo da vida e da saudade está contado.
Cada hora que não estou com ela está para sempre, definitivamente, finitamente perdida. E é daí que vêm as saudades curtas do amor, que tomam cada momento por uma vida. Só por amor se vive assim.
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (18 Jun 2011)'
Ainda bem que há quem tenha a coragem de escrever publicamente aquilo que pensamos que é estúpido e ridículo sentirmos...
Bons filmes e boas leituras!
Bons filmes e boas leituras!
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Enjoy The Silence & Parachutes
Enjoy The Silence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can't you understand
Oh my little girl
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
Depeche Mode
Parachutes
All the troubles when combined
With the missing links
It don't feel like
Home now,...
That you're gone
All the troubles
suddenly explained infinitum
You're always wishing and
Never here at
Home
You
All the dreams we shared and
Lights we turned on
But the house is getting dark
And I don't want to know your past
But together share the dawn
And I won't need
Nothing else
Cause when we're dead
We would've had it all
And died
I would've fallen from the sky
Til you
Parachutes have opened now
Heaven knows if there's a ceiling
come so low with the kneeling
Please know that
I got
All the friends I'm needing
Before my light goes out
As the doors are closing now
And far away will be my home
And to grasp this, I don't know
And I don't need
Further back and forth, a wave will break on me today
And love,... Wish the world could go again with love
One cant seem to have enough
And war,.... Break the sky and tell me what it's for
I'll travel there on my own
And love,.... What a different life
Had I not found this love with you
Pearl Jam
Fonte: brightwalldarkroom.tumblr.com |
Eu quase me sinto envergonhada por, com tantos poemas fantásticos sobre o amor de tantos autores portugueses, estar aqui a representar o dia de S. Valentim com as letras do Enjoy The Silence e do Parachutes, mas é superior a mim... Acho extraordinária a letra da primeira música, aliando simplicidade e significado de uma forma única e em relação à segunda, acho que os últimos dois versos dizem tudo... E pronto, hoje é dia de ouvir Depeche Mode que têm das músicas de amor mais bonitas e Pearl Jam que estão na base da minha história de amor... Feliz dia dos Namorados!
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Chronicle
Fonte: aceshowbiz.com |
Trata-se da história de 3 jovens que ao entrar em contacto com um sabe-se-lá-o-que-era-aquilo (e sim, vi o filme mesmo até ao fim, fica sem uma explicação decente) numa gruta, ganham poderes (nomeadamente, conseguem com mais ou menos precisão mover objectos e voar) que vão desenvolvendo, como eles próprios descobrem, com a prática.
Ao contrário do que seria de esperar, dois dos jovens não pensam muito em grande e querem especialmente divertir-se e pregar umas partidas, sendo contra a utilização destes poderes de forma a prejudicar a integridade de outros. Apenas um dos jovens, aquele que, antes do acontecimento, era mais infeliz por ser vítima de bullying na escola, fora desta e mesmo em casa, começa realmente, após arrependimento inicial, alguma luta interior e pressionado pelas circunstâncias de uma mãe no leito da morte, a pensar mais alto.
O jovem entra assim numa espiral ascendente de poder e desejo de vingança desenfreada que culmina numa luta titânica em plena Seattle.
É preciso estar-se perfeitamente ciente de que se vai ver ficção e sim, fica uma ou outra ponta solta... Mas vê-se bem. É pegar nas pipocas e preparar-se para umas gargalhadas seguidas de uns momentos de tensão!
Bons filmes e boas leituras!
(P.S. - Para quem gostava da série, fica a saber que me fez lembrar bastante o "Heroes")
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
Álvaro de Campos, in Poemas
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...
Álvaro de Campos, in Poemas
E porque ao Álvaro, nada se acrescenta que possa melhorar o que ele diz... Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Mudança de visual....
Grandes Homens Forjam-se a si Próprios
Para conhecer a realidade do mundo, único fim sério da ciência, é preciso entrar no combate da vida como entravam na liça os paladinos bastardos - sem pai e sem padrinho. Os príncipes não constituem excepção a esta lei geral da formação dos homens. Da educação de gabinete, do bafo enervante dos mestres, dos camareiros e das aias, nunca sairam senão doentes e pedantes.
Na sagração dos czares há uma cerimónia de alta significação simbólica: o imperador não se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada unção como a da santa crisma. Todos os reis fortes se fizeram e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contactos da natureza e da sociedade humana.
Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler. Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou por fazer um poltrão. Aos quinze anos não se atrevia a atravessar um ribeiro. Reagiu enfim sobre si mesmo pela sua única força pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se ao mar. Para se fazer marinheiro começou por aprender a manobrar, servindo como grumete. Para se fazer militar começou por tambor na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade russa começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres, e foi consigo mesmo que ele aprendeu a lingua alemã e a lingua holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no
governo dos homens tiveram uma acção eficaz, e reconhecerá se é na lição dos mestres ou se é no livre exercicio da força e da vontade individual que se criam os carácteres verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de Guilherme o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln.
Ramalho Ortigão, in 'As Farpas (1883)'
Na sagração dos czares há uma cerimónia de alta significação simbólica: o imperador não se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada unção como a da santa crisma. Todos os reis fortes se fizeram e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contactos da natureza e da sociedade humana.
Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler. Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou por fazer um poltrão. Aos quinze anos não se atrevia a atravessar um ribeiro. Reagiu enfim sobre si mesmo pela sua única força pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se ao mar. Para se fazer marinheiro começou por aprender a manobrar, servindo como grumete. Para se fazer militar começou por tambor na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade russa começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres, e foi consigo mesmo que ele aprendeu a lingua alemã e a lingua holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no
governo dos homens tiveram uma acção eficaz, e reconhecerá se é na lição dos mestres ou se é no livre exercicio da força e da vontade individual que se criam os carácteres verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de Guilherme o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln.
Ramalho Ortigão, in 'As Farpas (1883)'
E aqui está a receita que nos dá Ramalho Ortigão para forjar grandes homens... Aparentemente perdeu-se a vontade de os forjar como nos mostra o dia a dia em que não vemos senão, em todos os sectores da sociedade, um engalfinhado de "doentes e pedantes" que trepam, já não rochedos, mas paredes de escalada artificiais, com as cordas de segurança todas ligadas entre si... Todos os dias me questiono quando cairá um do topo e, num efeito dominó inevitável, deixará todos pendurados numa frágil sustentação. É fazer figas para que ponham o pé em falso e, na queda, a sustentação não lhes valha.
Bons filmes e boas leituras!
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Cântico Negro
"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces, Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom se eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui"! Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. --- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre a minha mãe. Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde, Por que me repetis: "vem por aqui"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis machados, ferramentas, e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátrias, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios. Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, --- Sei que não vou por aí.
José Régio
Não conhecia este poema, achei brilhante e tive de partilhar. Espero que tenham gostado.
Bons filmes e boas leituras!
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Cede a Filosofia à Natureza
Tenho assaz conservado o rosto enxuto
Contra as iras do Fado omnipotente;
Assaz contigo, ó Sócrates, na mente,
À dor neguei das queixas o tributo.
Sinto engelhar-se da constância o fruto,
Cai no meu coração nova semente;
Já me não vale um ânimo inocente;
Gritos da Natureza, eu vos escuto!
Jazer mudo entre as garras da Amargura,
D'alma estóica aspirar à vã grandeza,
Quando orgulho não for, será loucura.
No espírito maior sempre há fraqueza,
E, abafada no horror da desventura,
Cede a Filosofia à Natureza.
Bocage, in 'Rimas'
Contra as iras do Fado omnipotente;
Assaz contigo, ó Sócrates, na mente,
À dor neguei das queixas o tributo.
Sinto engelhar-se da constância o fruto,
Cai no meu coração nova semente;
Já me não vale um ânimo inocente;
Gritos da Natureza, eu vos escuto!
Jazer mudo entre as garras da Amargura,
D'alma estóica aspirar à vã grandeza,
Quando orgulho não for, será loucura.
No espírito maior sempre há fraqueza,
E, abafada no horror da desventura,
Cede a Filosofia à Natureza.
Bocage, in 'Rimas'
É isto... Dias assim.
Bons filmes e boas leituras!
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
A Angústia Insuportável de Gente
Ah, onde estou onde passo, ou onde não estou nem passo,
A banalidade devorante das caras de toda a gente!
Ah, a angústia insuportável de gente!
O cansaço inconvertível de ver e ouvir!
(Murmúrio outrora de regatos próprios, de arvoredo meu.)
Queria vomitar o que vi, só da náusea de o ter visto,
Estômago da alma alvorotado de eu ser...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
A banalidade devorante das caras de toda a gente!
Ah, a angústia insuportável de gente!
O cansaço inconvertível de ver e ouvir!
(Murmúrio outrora de regatos próprios, de arvoredo meu.)
Queria vomitar o que vi, só da náusea de o ter visto,
Estômago da alma alvorotado de eu ser...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Mas olhem, pelo menos é sexta-feira! Podia ser pior! Mas lá que o Álvaro raramente se engana, isso ninguém lhe tira!
Bons filmes e boas leituras!
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
The Raven
Once upon a midnight dreary, while I pondered weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
`'Tis some visitor,' I muttered, `tapping at my chamber door -
Only this, and nothing more.'
Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; - vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow - sorrow for the lost Lenore -
For the rare and radiant maiden whom the angels named Lenore -
Nameless here for evermore.
And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me - filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating
`'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door -
Some late visitor entreating entrance at my chamber door; -
This it is, and nothing more,'
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
`Sir,' said I, `or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you' - here I opened wide the door; -
Darkness there, and nothing more.
Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the darkness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, `Lenore!'
This I whispered, and an echo murmured back the word, `Lenore!'
Merely this and nothing more.
Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.
`Surely,' said I, `surely that is something at my window lattice;
Let me see then, what thereat is, and this mystery explore -
Let my heart be still a moment and this mystery explore; -
'Tis the wind and nothing more!'
Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately raven of the saintly days of yore.
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door -
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door -
Perched, and sat, and nothing more.
Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,
`Though thy crest be shorn and shaven, thou,' I said, `art sure no craven.
Ghastly grim and ancient raven wandering from the nightly shore -
Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning - little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door -
Bird or beast above the sculptured bust above his chamber door,
With such name as `Nevermore.'
But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only,
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing further then he uttered - not a feather then he fluttered -
Till I scarcely more than muttered `Other friends have flown before -
On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before.'
Then the bird said, `Nevermore.'
Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,
`Doubtless,' said I, `what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master whom unmerciful disaster
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore -
Till the dirges of his hope that melancholy burden bore
Of "Never-nevermore."'
But the raven still beguiling all my sad soul into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;
Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore -
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore
Meant in croaking `Nevermore.'
This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing
To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;
This and more I sat divining, with my head at ease reclining
On the cushion's velvet lining that the lamp-light gloated o'er,
But whose velvet violet lining with the lamp-light gloating o'er,
She shall press, ah, nevermore!
Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by Seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor.
`Wretch,' I cried, `thy God hath lent thee - by these angels he has sent thee
Respite - respite and nepenthe from thy memories of Lenore!
Quaff, oh quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
`Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil! -
Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted -
On this home by horror haunted - tell me truly, I implore -
Is there - is there balm in Gilead? - tell me - tell me, I implore!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
`Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil!
By that Heaven that bends above us - by that God we both adore -
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels named Lenore -
Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels named Lenore?'
Quoth the raven, `Nevermore.'
`Be that word our sign of parting, bird or fiend!' I shrieked upstarting -
`Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken! - quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted - nevermore!
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
`'Tis some visitor,' I muttered, `tapping at my chamber door -
Only this, and nothing more.'
Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; - vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow - sorrow for the lost Lenore -
For the rare and radiant maiden whom the angels named Lenore -
Nameless here for evermore.
And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me - filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating
`'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door -
Some late visitor entreating entrance at my chamber door; -
This it is, and nothing more,'
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
`Sir,' said I, `or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you' - here I opened wide the door; -
Darkness there, and nothing more.
Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the darkness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, `Lenore!'
This I whispered, and an echo murmured back the word, `Lenore!'
Merely this and nothing more.
Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.
`Surely,' said I, `surely that is something at my window lattice;
Let me see then, what thereat is, and this mystery explore -
Let my heart be still a moment and this mystery explore; -
'Tis the wind and nothing more!'
Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately raven of the saintly days of yore.
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door -
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door -
Perched, and sat, and nothing more.
Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,
`Though thy crest be shorn and shaven, thou,' I said, `art sure no craven.
Ghastly grim and ancient raven wandering from the nightly shore -
Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning - little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door -
Bird or beast above the sculptured bust above his chamber door,
With such name as `Nevermore.'
But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only,
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing further then he uttered - not a feather then he fluttered -
Till I scarcely more than muttered `Other friends have flown before -
On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before.'
Then the bird said, `Nevermore.'
Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,
`Doubtless,' said I, `what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master whom unmerciful disaster
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore -
Till the dirges of his hope that melancholy burden bore
Of "Never-nevermore."'
But the raven still beguiling all my sad soul into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;
Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore -
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore
Meant in croaking `Nevermore.'
This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing
To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;
This and more I sat divining, with my head at ease reclining
On the cushion's velvet lining that the lamp-light gloated o'er,
But whose velvet violet lining with the lamp-light gloating o'er,
She shall press, ah, nevermore!
Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by Seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted floor.
`Wretch,' I cried, `thy God hath lent thee - by these angels he has sent thee
Respite - respite and nepenthe from thy memories of Lenore!
Quaff, oh quaff this kind nepenthe, and forget this lost Lenore!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
`Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil! -
Whether tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted -
On this home by horror haunted - tell me truly, I implore -
Is there - is there balm in Gilead? - tell me - tell me, I implore!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
`Prophet!' said I, `thing of evil! - prophet still, if bird or devil!
By that Heaven that bends above us - by that God we both adore -
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels named Lenore -
Clasp a rare and radiant maiden, whom the angels named Lenore?'
Quoth the raven, `Nevermore.'
`Be that word our sign of parting, bird or fiend!' I shrieked upstarting -
`Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken! - quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!'
Quoth the raven, `Nevermore.'
And the raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And the lamp-light o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted - nevermore!
Edgar Allan Poe - The Raven - 1845
Eu sei que é longo, mas é tão espectacular... Percam uns minutinhos e deliciem-se!
Bons filmes e boas leituras!
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Allen Ginsberg e Dan Radcliff
Noticia o Portal Cinema que Daniel Radcliff vai ser Allen Ginsberg, poeta americano e uma das figuras de destaque da Beat Generation, no cinema, no filme Kill Your Darlings.
Conhecido pela sua posição em temas de destaque desde os anos 50, como a liberdade de expressão, a guerra do Vietnam e os direitos dos homossexuais, foi uma figura de referência para nomes como Jim Morrisson e Joe Strummer, com quem chegou mesmo a cantar numa participação especial na música Ghetto Defendant.
No entanto, o nosso Harry Potter, não parece assustar-se com a perspectiva de encarnar um gigante desta dimensão, numa representação que incluirá cenas de sexo e nus frontais... Tão crescidinho que ele está!
As filmagens deverão ter início na primavera de 2012 e até à estreia, prevista para 2013, ficamos com um dos poemas desta fascinante personalidade.
Bons filmes e boas leituras!
Conhecido pela sua posição em temas de destaque desde os anos 50, como a liberdade de expressão, a guerra do Vietnam e os direitos dos homossexuais, foi uma figura de referência para nomes como Jim Morrisson e Joe Strummer, com quem chegou mesmo a cantar numa participação especial na música Ghetto Defendant.
No entanto, o nosso Harry Potter, não parece assustar-se com a perspectiva de encarnar um gigante desta dimensão, numa representação que incluirá cenas de sexo e nus frontais... Tão crescidinho que ele está!
As filmagens deverão ter início na primavera de 2012 e até à estreia, prevista para 2013, ficamos com um dos poemas desta fascinante personalidade.
Fonte: portalcinema.blogspot.com |
A desolation by Allen Ginsberg
Now mind is clear
as a cloudless sky.
Time then to make a
home in wilderness.
What have I done but
wander with my eyes
in the trees? So I
will build: wife,
family, and seek
for neighbors.
Or I
perish of lonesomeness
or want of food or
lightning or the bear
(must tame the hart
and wear the bear).
And maybe make an image
of my wandering, a little
image—shrine by the
roadside to signify
to traveler that I live
here in the wilderness
awake and at home.
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