Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
Miguel Torga, Diário XII
E pronto, porque é sexta feira, ocorreu-me procurar poemas sobre a liberdade em honra dos dois dias da mesma que se seguem... Apaixonei-me imediatamente por este do Miguel Torga, tanto pela sonoridade como pelo conteúdo, e resolvi partilhá-lo convosco. Bom fim de semana!
Bons filmes e boas leituras!
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