Quando se está completamente farto
Quando se esgotou tudo
O vinho o amor as cartas
Quando se perdeu o vício
Das sopas de camarões
Das salsichas de Sarthe
Quando a visão de um strip-tease
Nos faz dizer Que parvoíce
Não arranjaram melhor
Ainda resta um jeito
Que nunca perde o efeito
De ver a vida a cor-de-rosa
Primeiro refrão
Um par de chapadas na tromba
Um bom pontapé no cu
Um murraço nas queixadas
Dá-nos outra juventude
Um bom par de chapadas na tromba
Um directo em cheio no estômago
Os dedos dos pés debaixo duma mó
Um biqueiro em pleno tralálá
Apaga tudo, a droga e a aspirina
Os espinafres, o snif e a Badoit
É mais bacana que o foie gras em terrina
Pois é menos caro e não engorda
Um bom par de chapadas na tromba
E a vida volta a ter valor
Numa manhã em que nos sintamos sós
Toca a partir a cara entre amigos
II
Quando ela deu de frosque
Levando o dinheiro
E a máquina de costura
Deixando-nos o lava-louça
Cheio de louça por lavar
E o sal no pote do açúcar
Quando o nosso melhor amigo
Telefona no dia seguinte
Dizendo Vem-na buscar
A gente casquina e pensa
Espera um pouco Hortênsia
Vais ver o que vais levar
Segundo refrão
Um par de chapadas na tromba
Um bom pontapé no cu
Um murraço nas queixadas
Dá-te outra juventude
Um bom par de chapadas na tromba
Um directo em cheio no estômago
Os dedos dos pés debaixo duma mó
Um biqueiro em pleno tralálá
Aborrecias-te no meu quartinho
Suspiravas querias coisa nova
Doravante de Janeiro a Dezembro
Conta comigo para te servir à discrição
Um bom par de chapadas na tromba
Isso há-de consolar-me minha rica
Dos serões em que manipulavas
O rolo da massa
Toma lá cabra
Boris Vian, Canções e Poemas
Tradução de Irene Freire Nunes / Fernando Cabral Martins
Tinha de partilhar... O que eu já me ri com isto! Mas agora a sério... É verdade! Não faltam dias que o que nos falta é "Um bom par de chapadas na tromba"! Se estiverem num desses dias, considerem-se esbofeteados e sorriam!
Bons filmes e boas leituras!
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